Na entrevista coletiva que concedeu antes da importante vitória sobre o Paraná em Curitiba, o técnico Dado Cavalcanti disse que os salários atrasados não atrapalham o rendimento do time em campo. Após a derrota para o Guaratinguetá, o diretor de futebol do Guarani, Sérgio do Prado, adotou um discurso na mesma linha. Afirmou que não atribui o rendimento ruim do time ao atraso nos pagamentos porque os jogadores têm a palavra da diretoria de que em datas futuras será feito o acerto.É evidente que tanto Dado como Sérgio deram declarações políticas, para evitar um desconforto para as diretorias dos dois clubes.Como profissionais do futebol, os dois sabem muito bem como esse problema causa grandes danos ao rendimento de uma equipe.O Guarani é um exemplo claro disso. Atrasa o pagamento de funcionários e elenco com enorme frequência e os resultados estão aí. São sucessivos rebaixamentos, com campanhas historicamente ruins, ou fracassos na luta pelo acesso, mesmo concorrendo com clubes de pouca tradição e poucos recursos.A Ponte Preta atravessou um bom período sem esse problema e, não por acaso, conseguiu voltar à Série A. Apesar do retorno à Série B no ano passado, conseguiu chegar à final da Copa Sul-Americana. No Paulistão, há tempos figura entre os oito melhores.Mesmo assim, precisa tomar cuidado para impedir que os atrasados desse semestre não se tornem rotineiros. Durante o período em que cumpriu seus compromissos, a Macaca não apenas ofereceu boas condições ao seus atletas, como também passou a ser uma opção atraente no mercado. É bem mais fácil contratar um jogador de qualidade, cobiçado por outros clubes, quando sua fama no mercado é de bom pagador.Além disso, para realizar campanhas de sucesso, um clube precisa oferecer as melhores condições possíveis ao seu departamento de futebol. Bons profissionais em áreas de apoio, comissão técnica qualificada, departamento médico competente, bons gramados e outros fatores contribuem para o bom rendimento de uma equipe.O pagamento correto do salário é tão importante quanto todos esses outros fatores. O atleta precisa ter tranquilidade para se concentrar no trabalho, sem perder o foco com problemas familiares, contas atrasadas e aquela insegurança inevitável.Sérgio do Prado disse que atraso nos salários é “algo do futebol”. Se conformar com o problema e permitir que ele se perpetue no clube é um erro de consequências desastrosas. O Guarani precisa arrumar um modo de acabar com esse péssimo hábito e a Ponte não pode permitir que ele se instale no Majestoso.