TEATRO

Atores com Síndrome de Down sobem ao palco do Sesi Campinas

Iniciativa destaca a potencialidade artística do elenco e promove a inclusão por meio da arte

Delma Medeiros
14/09/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 02:49
Cena da peça 'A Viagem do Capitão Tornado', encenado pelo grupo da Associação para o Desenvolvimento Integral do Down ( Divulgação)

Cena da peça 'A Viagem do Capitão Tornado', encenado pelo grupo da Associação para o Desenvolvimento Integral do Down ( Divulgação)

O espetáculo 'A Viagem do Capitão Tornado', que coloca em cena apenas atores com síndrome de Down, integrantes do Grupo Adid (Associação para o Desenvolvimento Integral do Down) é mais uma iniciativa que destaca a potencialidade artística dos downianos e promove a inclusão por meio da arte. O filme 'Colegas', de Marcelo Galvão, estrelado por três atores com síndrome de Down, que tem obtido sucesso em festivais pelo mundo todo; a novela global 'Páginas da Vida', de Manoel Carlos, em que a personagem interpretada por Regina Duarte adota uma criança com síndrome de Down rejeitada pela avó; Tati, nova personagem de Maurício de Sousa inspirada na campineira Tathiana Piancastelli, para citar alguns, são outros exemplos de produções que preconizam a inclusão. O tema é antigo, o filme belga 'O Oitavo Dia', de 1996, já coloca em cena um downiano. Com direção de Leonardo Cortez, a adaptação do romance 'Le Capitaine Fracasse', do escritor francês Théophile Gautier, já foi tema de filme e agora chega aos palcos pelo Grupo Adid. Cortez, que é arte-educador e trabalha com pessoas com deficiência desde 1995, conta que a resposta do elenco ao trabalho é especial. “Muitos deles estão comigo desde a criação do grupo, em 1998. Quem já teve a oportunidade de vê-los em outras peças vai se surpreender com a evolução de cada um. Eles são apaixonados pelo teatro, têm uma entrega total”, afirma, citando que o grupo surgiu como extensão das aulas de teatro da Adid, a pedido dos próprios alunos que queriam se aprofundar na arte. “Trata-se de um grupo de amigos, que usa o teatro também como pretexto para fortalecer essa amizade”, aponta o diretor, citando que o teatro ajuda no desenvolvimento e aprimoramento pessoal em muitos aspectos — e que com alunos com síndrome de Down não é diferente. “Ajuda na sociabilidade, criatividade, entre outros.” O espetáculo, que será encenado no Sesi-Piracicaba este fim de semana e em Campinas no próximo, conta com recursos de acessibilidade em Libras e audiodescrição. Após as sessões, gratuitas, diretor e elenco participam de um bate-papo com o público. Esta é a segunda vez que o grupo Adid se apresenta em Campinas. A primeira foi em 2011 com a montagem 'Sonho de uma Noite de Verão', de Shakespeare. “A parceria com o Sesi, iniciada em 2008, ampliou as possibilidades do grupo, que passou a excursionar pelo Estado, a ter contato com outros públicos, não familiarizados com pessoas com Down”, explica o diretor. “A presença de downianos em teatro, cinema e televisão é excelente, é uma forma de chamar a atenção da sociedade, de fazê-la perceber o leque de possibilidades dessas pessoas”, reforça. Cortez lembra que o casal de atores do filme 'Colegas', Ariel Goldenberg e Rita Pokk, juntos há cerca de 10 anos, começou nas artes cênicas com ele, no Grupo Adid. “Além de atuar, a grande maioria dos downianos tem a vida preenchida com outras atividades, é responsável, trabalha, tem salário, relacionamento estável.” A peça Ambientada no século 17, a montagem narra a história de um grupo teatral miserável que, em busca de reconhecimento profissional e de novos palcos para suas apresentações, percorre Paris à procura de uma oportunidade. Juntos, os atores se abrigam em um castelo que acreditavam estar abandonado. Mas, a propriedade pertence ao Barão de Signognac, um dos nobres que serviram a Carlos Magno e cuja dinastia se viu à míngua devido à má administração dos bens de seus descendentes. Os integrantes da trupe percebem que, apesar de solitário e decadente, o Barão Signognac pode abrir para eles as portas da corte de Paris e ajudá-los a alcançar o almejado sucesso. Apaixonado por Isabelle, uma das atrizes, e entusiasmado com a possibilidade de aventuras, ele aceita se juntar à trupe. Máscaras, música ao vivo, poesia e dança permeiam o espetáculo, que tem uma carroça como elemento principal do cenário. “A carroça serve de palco, abrigo, hospedagem, camarim. A cada nova cena, se transforma. De um lado ela é um quarto, de outro um castelo”, conta Cortez. “O resultado é surpreendente. Ao mesmo tempo em que o espectador se emociona e se diverte, ele também torce muito pelos atores. Quem assiste a um espetáculo como esse não se esquece jamais.” Serviço Peça 'A Viagem do Capitão Tornado' Dia 21/9, às 20h No Sesi Amoreiras (Avenida das Amoreiras, 450 - Parque Itália) - Campinas. Telefone: (19) 3772-4184 De graça (ingressos distribuídos com uma hora de antecedência).

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