Regiões com desenvolvimento similar à Noruega e ao Vietnã convivem na mesma cidade e muitas vezes compartilham dos mesmos problemas
O IDHM é formado pela média geométrica de três outros índices: renda, educação e longevidade, com pesos iguais, e vai de 0 a 1 ( Dominique Torquato/ AAN)
O Atlas de Desenvolvimento Humano da Região Metropolitana de Campinas, apresentado na tarde desta quarta-feira (1º), na sede do Ciesp, evidenciou um abismo social e econômico entre diferentes regiões da cidade de Campinas. Áreas como Alphaville, Gramado e Barão do Café possuem Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) equivalentes a países de primeiro mundo e superam inclusive o maior IDH Global, o da Noruega. Em contrapartida, outras áreas apresentam índices extremante baixos e semelhantes a localidades remotas, como Vietnã e Cabo Verde. Entre os bairros de piores resultados estão Jardim Pauliceia, Satélite Íris e Oziel/Monte Cristo. Baseado em dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estudo dividiu o município em 187 áreas, chamadas Unidades de Desenvolvimento Humano (UDH). O levantamento foi realizado pelo Programa das Nações Unidas (PNUD) em parceria com Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Fundação José Pinheiro, com apoio da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa). O IDHM é formado pela média geométrica de três outros índices: renda, educação e longevidade, com pesos iguais, e vai de 0 a 1: quanto mais próximo de zero, pior o desenvolvimento humano, quanto mais próximo de um, melhor. Oito áreas têm o maior índice de Campinas (0,954), considerado “muito alto”: Alphaville, Gramado, Barão do Café, Condomínio Plaza Towers, Estância Paraíso, Parque Prado, Paineiras e Vila Verde. Embora a metodologia do IDH Global seja calculado com outros critérios, o índice dessas regiões supera o de países como Noruega (0,944), Suíça (0,933) e Austrália (0,917), os três maiores IDHs do mundo. Por outro lado, 12 áreas estão empatadas com os piores índices de Campinas (0,636), com IDHM comparável a países como Guiana, Vietnã, Cabo Verde e Micronésia. Entre essas regiões estão Oziel/Monte Cristo, Satélite Íris, Jardim Pauliceia e Jardim Sebastião. Para o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Urbano de Campinas, Fernando Pupo Vaz, os dados dão um panorama completo das carências e necessidades de cada região, facilitando as estratégicas e políticas públicas. Ele confessa a necessidade de dar atenção maior às regiões de menor índice. “O Atlas nos permite ter conhecimento geral e específico, e na medida que tem esse conhecimento a Administração já trabalha com isso. Temos que olhar para o conjunto do município, mas dar uma atenção maior para os piores IDHM”, afirmou. “Mas é óbvio que não vamos deixar de lado o Alphaville, por exemplo, mas focar nas regiões mais vulneráveis”, frisou.Indicadores Os indicadores divulgados na quarta mostram os dois mundos existentes dentro de Campinas. A renda per capita de regiões como Alphaville, Gramado e Barão do Café é de R$ 4.536,72, mais de dez vezes superior à das regiões de menor IDHM, como Conjunto Habitacional Olímpia, Pauliceia e Residencial Chico Amaral, onde a renda per capita é de apenas R$ 422,38. As desigualdades se refletem também na educação. Mais de 70% dos moradores acima de 25 anos de Alphaville, Alto da Nova Campinas e Jardim Botânico têm curso superior, enquanto no Jardim Sapucaí, Residencial Gênesis e Vila Esperança, o índice de moradores que cursaram faculdade não chega a 0,74% do total de habitantes. Nesses locais, o percentual de pessoas consideradas pobres (renda domiciliar per capita igual ou abaixo de R$ 140,00 mensais) é de mais de 12% do total de moradores. O secretário de Estado de Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro, ressaltou o elevado potencial econômico da cidade como um todo. Segundo ele, apesar de algumas regiões apresentarem indicadores de renda e pobreza ruins, a cidade de maneira geral se destaca no quesito renda e as preocupações maiores são em outros setores. “Em Campinas o problema maior é de urbanização, algumas ocupações desordenadas, necessidade de saneamento, segurança e infraestrutura urbana, rua, iluminação e melhoria da qualidade da habitação.” Educação eleva índices da RMC e BaixadaA melhora em indicadores de educação fez com que as regiões metropolitanas de Campinas e da Baixada Santista aumentassem seu IDHM. A evolução foi verificada entre 2000 e 2010. O relatório apontou que a melhora no índice geral das duas regiões foi puxada por um avanço mais significativo na área de educação do que em renda ou longevidade. O índice geral passou em Campinas de 0,710 para 0,792 e, em Santos, de 0,7 para 0,777. Já o IDHM Educação passou em Campinas de 0,582 para 0,726 e, em Santos, de 0,579 para 0,720. O índice de educação é formado por cinco indicadores: percentual da população com mais de 18 anos com Ensino Fundamental, percentual de crianças de 5 a 6 anos matriculados na escola, percentual de jovens de 11 a 13 anos nos anos finais do Ensino Fundamental, percentual de jovens de 15 a 17 anos com Ensino Fundamental completo e percentual de jovens de 18 a 20 anos com Ensino Médio completo. De acordo com o relatório, as duas regiões tiveram uma melhora mais significativa no indicador sobre o número de crianças de 5 a 6 anos na escola. Em Campinas, o percentual passou de 71,98% para 95,64% do total da população crianças nessa faixa etária. Já em Santos passou de 77,35% para 93,73%. Embora as duas regiões tenham pontuações suficientes para serem classificadas como de “alto desenvolvimento humano” (maior ou igual a 0,7 até o limite de 0,8), o relatório aponta para um alto grau de desigualdade. (Agência Estado)15 maiores IDHMs de CampinasRegião IDHM Alphaville: 0,954 Gramado: 0,954 Barão do Café: 0,954 Condomínio Plaza Towers: 0,954 Estância Paraíso: 0,954 Parque Prado: 0,954 Paineiras: 0,954Vila Verde: 0,954Barão Geraldo / Unicam: p0,941Centro / Cambuí: 0,941Jardim Chapadão: 0,941Nova Campinas: 0,941Parque Itália: 0,941 San Conrado: 0,941 Bosque: 0,91215 Menores IDHMs de CampinasRegião IDHMSatélite Íris: 0,636Conjunto Habitacional Olímpia: 0,636Jardim Pauliceia: 0,636Jardim São Sebastião: 0,636 Residencial Chico Amaral: 0,636Cristo Redentor: 0,636Jardim Boa Esperança: 0,636Jardim Eulina: 0,636Jardim Maracanã: 0,636Jardim Santa Lúcia: 0,636Parque Campinas I: 0,636Oziel / Monte Cristo: 0,636Residencial São Luís: 0,636Residencial Gênesis: 0,651Jardim Ieda: 0,651