SAÚDE

Atenção ao assoalho pélvico

Musculatura que sustenta órgãos pélvicos e controla necessidades fisiológicas precisa de cuidados; exercícios previnem e tratam problemas relacionados a seu enfraquecimento

Karina Fusco
28/07/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 07:23

Cuidar dos músculos é uma das preocupações de quem pratica atividade física frequentemente, mas deve ser também daqueles que, mesmo longe da academia, visam manter a saúde em dia. É necessário saber que nem todos os músculos ficam torneados com evidência quando são exercitados. Alguns que não aparecem, como daqueles localizados no assoalho pélvico, na região da bacia. Eles são conhecidos ou lembrados apenas quando surgem os problemas, que vão de desconfortos a disfunções. O urologista André Meirelles, médico coordenador da Urologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), explica que a musculatura da região que vai do púbis até o cóccix, tendo as pernas lateralmente, é fundamental para o controle adequado da urina e das fezes. “Ela sustenta órgãos como próstata, reto, bexiga e útero, envolvendo também o ânus, a vagina e a uretra. Quando enfraquecida, pode levar a problemas como incontinências fecal e urinária, constipação, disfunções sexuais e prolapso genital, que é a tendência do útero, reto e bexiga saírem pela vagina”, afirma.Pelo assoalho pélvico masculino passa o canal da urina e das fezes. No feminino, além destas estruturas, existe também a vagina. A própria anatomia feminina, que tem a uretra menor e uma abertura a mais, faz com que as mulheres sejam mais propensas a ter problemas nessa região. “Gestação, obesidade e menopausa, devido à queda na produção de estrogênio, favorecem seu enfraquecimento”, diz a fisioterapeuta Emily Polessi, especializada em reeducação do assoalho pélvico e mestranda no assunto pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp).Embora exista uma gama enorme de patologias relacionadas às disfunções do assoalho pélvico, a incontinência urinária é a principal queixa que faz com que o paciente procure um médico. “A reclamação mais comum é sobre os escapes de urina ao fazer esforços habituais, como tossir, dar risada ou praticar alguma atividade física”, diz Meirelles. Segundo ele, o diagnóstico se faz por meio de exame clínico detalhado. “Também podem ser solicitados exames complementares como ultrassom, urodinâmica e manometria anorretal em casos selecionados”, completa. Foto: Divulgação O prazer sexual também está relacionado a esse conjunto de 13 músculos, desconhecido da maioria das pessoas Exercício preventivo no cotidiano Como qualquer músculo do corpo, os que compõem o assoalho pélvico precisam de movimento para não enfraquecer. A fisioterapeuta Emily Polessi ensina um exercício simples, que nada mais é do que a contração dessa musculatura que envolve a região do ânus e da vagina, para tonificar a área e prevenir problemas: - Deitada de frente, com os joelhos dobrados e pés apoiados no chão ou colchão, coloque a mão desde o púbis, que é osso acima da vagina, até o cóccix, o osso do final da coluna. Está identificada a musculatura do seu assoalho pélvico. - Em seguida, tente contrair, como se fosse segurar gases. Você vai sentir um movimento de sugar toda a região do ânus e da vagina para dentro. Depois tente realizar esse mesmo movimento e segurar essa contração por um segundo e relaxar dois segundos. Repita dez vezes. - Aumente o tempo da contração para cinco segundos e relaxe dez segundos. Repita novamente dez vezes. Foto: Rodrigo Zanotto /Especial para AAN Emily Polessi, fisioterapeuta: "Gestação, obesidade e menopausa, devido à queda na produção de estrogênio, favorecem o enfraquecimento do assoalho pélvico"   Impacto na vida sexualO prazer sexual também está relacionado a esse conjunto de 13 músculos, desconhecido da maioria das pessoas. Entre as disfunções sexuais que ele pode favorecer quando lesionado estão o vaginismo (contração involuntária dos músculos próximos da vagina, impedindo a penetração do pênis) e a dispareunia (dor durante a relação sexual).De acordo com Emily, a fisioterapia pode ser um importante aliado para contornar esses problemas. “Tratar disfunções sexuais dentro da fisioterapia é uma prática recente no Brasil, mas em ascensão devido a estudos que mostraram excelentes resultados, além de ser uma terapia de custo acessível e não ter efeitos colaterais”, ressalta.Os exercícios possibilitam a recuperação da musculatura sem a necessidade de remédios. Existem equipamentos modernos e um dos recursos de destaque é o Biofeedback (EMG), um aparelho de eletromiografia que, conectado a um computador, avalia o tônus muscular, indicando como está a força, a coordenação e a resistência dos músculos do períneo. “Ele ajuda na elaboração de um plano de exercícios exclusivo ao paciente”, explica a especialista. “O tratamento fisioterapêutico pode compreender várias técnicas, como a massagem perineal, para relaxamento, e a eletroestimulação funcional, que serve tanto para relaxar como para diminuir a dor.” O tratamento dura de três a seis meses, mas no primeiro, o paciente já consegue obter melhora.

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