Robert, de 21 anos, se profissionalizou no Padova, fala três idiomas e é formado em economia
Robert tem apenas 21 anos, viveu oito deles na Itália, fala dois idiomas, além do português — um deles fluente —, e é formado em Economia. Diante do estereótipo que foi criado sobre o jogador de futebol brasileiro, que na maioria das vezes abdica dos estudos para realizar seu sonho, fica até difícil crer que o novo atacante do Guarani seja mesmo um atleta profissional. Mas ele é. E veio parar no Bugre com o objetivo de ajudar o clube a conquistar o acesso na Série C do Campeonato Brasileiro.
Nascido em Vitória-ES, Robert viu a sua curiosa trajetória ser iniciada há nove anos, no Rio de Janeiro. “É uma história bem diferente. Eu estava jogando nas categorias de base do Campo Grande, o presidente do Padova me viu jogar e perguntou se eu queria ir para a Itália. Aceitei, meus pais aprovaram e com 12 anos fui pra lá. Joguei no mesmo time por oito anos”, relata.
Padova é uma cidade italiana de quase meio milhão de habitantes e um dos principais destinos turísticos do país. Lá, o novo atacante bugrino teve que amadurecer rápido e sem a presença dos pais. “Fui cedo para lá, estudei e sou formado em Economia. Falo italiano fluentemente e arranho um pouco no alemão. Não morava com meus pais, ficava em uma concentração com os jogadores da base e só quando me profissionalizei, com 17 anos, tive meu próprio apartamento”, explica o jogador.
A escolha pelo curso de economia, além do gosto pela matemática, se deu também por outro motivo importante. “Era mais fácil porque eu conhecia um dos professores e ele era um torcedor fanático do time que eu jogava. Ele entendia que eu tinha que treinar, participar dos jogos e por isso sempre me ajudou. Mesmo assim, foi difícil conseguir concluir o curso.”
Em Campinas, Robert não pensa em parar de estudar. Ciente que a carreira no futebol é curta e traiçoeira, quer aproveitar a estadia na cidade para se aprofundar em outras coisas. “Sei que preciso continuar estudando porque o futebol, por mais que seja um mundo que dá dinheiro, dura pouco. Com 30, 32 anos, se eu não estiver bem, as dificuldades começam e o que eu vou fazer? Estou feliz como jogador, mas é bom ter a segunda opção. Foi algo que meu pai me colocou na cabeça e, ficando em Campinas, tenho a oportunidade de fazer algum cursinho e manter a cabeça ativa.”