No Brasil, apenas duas organizações serão afetadas
A Association to Advance Collegiate Schools of Business (AACSB), organização americana que acredita 672 escolas de negócios em 44 países, anunciou mudanças nos padrões adotados para reconhecer a qualidade de uma instituição de ensino.
No Brasil, apenas duas organizações serão afetadas: a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-Eaesp) e o Insper, ambas detentoras do selo da AACSB.
As mudanças não são bruscas, mas vão requerer alguns ajustes por parte das instituições. "Estamos tentando adotar padrões mais apropriados para as escolas internacionais", diz Joseph DiAngelo, membro do conselho diretor da AACSB.
A instituição, fundada em 1916, nasceu com o objetivo de padronizar os cursos de negócios nos Estados Unidos, uma vez que lá não há um órgão regulador - no Brasil essa função fica a cargo do Ministério da Educação. "O objetivo era separar as escolas por nível de qualidade", explica Maria Tereza Fleury, diretora da FGV-Eaesp.
Na década de 90 a AACSB ampliou seu leque de atuação e passou a acreditar também escolas fora dos Estados Unidos. A FGV-Eaesp, por exemplo, conquistou o selo no ano 2000 e o Insper, em 2010.
Mesmo com o crescente número de instituições internacionais acreditadas - hoje são 176 -, há dez anos não se reviam os padrões para concessão do selo, que seguiam muito focados nas americanas. "As escolas de negócios são diferentes ao redor do mundo e a população que elas atendem também. Queremos que elas olhem seus programas pensando no público que servem e, depois, olhem para seus currículos para que sejam mais sensíveis aos aspectos globais", afirma DiAngelo.
Com a mudança, os itens analisados foram reduzidos de 21 para 15. São padrões que afetam, principalmente, a pesquisa e a qualificação do corpo docente. Em relação à produção intelectual, ela precisa causar impacto não apenas no ambiente acadêmico, mas também no corporativo. Será preciso comprovar, por exemplo, a aplicabilidade do novo conhecimento na melhoria de práticas organizacionais e no ensino de negócios.
Outra mudança é que os professores com doutorado que também tenham experiência corporativa serão mais valorizados. "No geral, já atendemos aos novos critérios em relação ao corpo docente. A diferença é que agora poderemos aumentar o número de professores vindos do mercado", afirma Irineu Gianesi, diretor de novos projetos do Insper.
"Sempre tivemos foco no intercâmbio de professores e de alunos e, se quisermos fazer isso com escolas de primeira linha do exterior, ajuda bastante ter os selos de acreditação de associações reconhecidas", diz Maria Tereza, da FGV. "O selo ajuda a mostrar para quem é de outro país que também somos uma escola de elite."
O que muda nos cursos
Em relação ao programa dos cursos, tanto Maria Tereza como Gianesi afirmam que nada muda. O mais difícil de se adaptar, segundo o diretor do Insper, é o ponto que trata do impacto causado pelas pesquisas fora da academia. "Nunca houve exigência para se medir isso", afirma.
DiAngelo, da AACSB, diz que as instituições terão três anos para se adequar às mudanças. As instituições já acreditadas e que vão passar por uma reavaliação ainda em 2013 não precisarão apresentar as adaptações aos novos padrões. As que realizarem a inspeção em 2014 poderão adotar as transformações, mas de forma opcional. Em 2015, todas as escolas que forem renovar o selo precisarão estar em adaptadas aos novos padrões. As escolas de negócios acreditadas pela AACSB são reavaliadas a cada cinco anos. "Entendemos que as instituições precisam de um tempo para se adaptar", diz DiAngelo.
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