Nascido em Sousas (20/11/1871), às margens do Rio Atibaia, Benedito Otávio de Oliveira é uma das principais figuras da intelectualidade campineira da primeira metade do século XX.
Filho de escrava, ele ficou órfão cedo e sofreu muito com a morte da mãe.
Como tipógrafo, começou a trabalhar na Gazeta de Campinas, de Carlos Ferreira, e logo em seguida no Correio Popular, então dirigido por Henrique de Barcelos.
Mais tarde, passou a exercer a função de jornalista no Mensageiro, publicação católica que tempos depois passou a se chamar A Tribuna.
Como teatrólogo, escreveu mais de 30 trabalhos entre dramas, comédias e operetas. As peças eram apresentadas de forma bastante precária no Salão Cáritas.
Por conta disso, Dom João Nery, o primeiro bispo de Campinas, tema da Memorável da semana passada, resolveu construir um teatrinho dedicado aos artistas amadores, anexo ao Externato São João dos padres salesianos.
Como as famílias não queriam que moças participassem das apresentações, formou-se um competente “clube do bolinha” nos palcos. Havia grandes nomes como Vicente Ghilardi, Luís Laloni, Walter Foster e Trajano Guimarães, entre outros.
Encenadas também no Ginásio Diocesano Santa Maria, as peças de Benedito Otávio tiveram parceiros de peso como o próprio Dom Nery, que com ele escreveu Raça e Ódio.
Como poeta, em 1906, lançou Ananké, em versos alexandrinos. A obra foi editada em 1900 pela Casa Livro Azul.
Pesquisas
Benedito Otávio trabalhou durante seis anos nos escritórios da Companhia Mogiana de estradas de ferro e, em 1900, foi contratado como funcionário da Câmara Municipal, atendendo a um convite do historiador Leopoldo Amaral.
Atuou como secretário da Câmara até sua morte, em 6 de janeiro de 1927.
No período em que permaneceu na Câmara teve a oportunidade de desenvolver pesquisas e escrever páginas valiosas sobre a história de Campinas. Ele dá nome a uma rua na Vila Industrial, já mostrada na coluna.