Nesta semana, li um artigo no blog da Fundação Novak Djokovic, cujo título era: “Como as boas notícias se tornam irrelevantes e chatas para as pessoas”. Basicamente, o texto faz uma crítica construtiva sobre como os jornais publicam mais notícias negativas do que positivas da sociedade de um modo geral para vender mais nas bancas, e como essa busca pela tragédia pode ser maléfica a todos.Segundo a autora Tanja Peternek Aleksic, os leitores têm uma tendência a pensar que se a vida dos outros é tão trágica, a deles pode ser boa do jeito que está. Porém, em sua reflexão, ela afirma que os jornalistas do mundo deveriam publicar notícias boas, para influenciar positivamente as pessoas a não se acomodarem e passarem a fazer o bem, sem olhar a quem.Nós, jornalistas e leitores, repercutimos durante a semana a invasão do CT do Corinthians, feita por vândalos, e não torcedores, que deveriam responder pelos crimes de invasão de propriedade, ameaça e até tentativa de lesão corporal, tudo premeditado, em vez de lhes passarem as mãos nas cabeças, como sempre fizeram. Porém, pouca gente falou sobre a melhora no quadro de saúde de Laís Souza, a ex-ginasta brasileira que participaria da Olimpíada de Inverno, em Sochi, na Rússia, no esqui estilo livre, e que se acidentou em um treino. A melhora possibilitou a transferência a um hospital de Miami, pra tratar da coluna cervical.Por falar em Sochi, a equipe brasileira de bobsled virou alvo de chacota por causa da foto do trenó todo remendado, comprado usado da equipe de Mônaco e sem a pintura verde e amarela. Mas pouca gente aplaudiu a iniciativa de uma equipe brasileira, acostumada com o Verão, disputar os Jogos de Inverno só por estar em uma Olimpíada. É o tipo de gente que só aceita a medalha de ouro, custe o que custar, mas se esquece do ideal olímpico, o de competir com honra, lealdade e respeito ao adversário. Essa é a maior vitória que alguém pode ter na vida: a convivência com pessoas diferentes.Por vermos sempre o lado ruim da coisa, vamos nos acostumando com o que há de pior no mundo, a ponto de jornalista defender na TV agressões gratuitas a supostos criminosos, quando poderia usar o tempo do comentário no telejornal pra felicitar o cientista que produziu uma prótese de mão que dá a sensação de tato ao amputado.Em seu artigo, Tanja Peternek Aleksic conclui que as boas notícias têm o poder de fazer de nós pessoas melhores. Quem sabe assim poderíamos ir aos estádios para torcer pelo nosso time e nos divertir, em vez de sermos intimidados por chefes de organizadas sem saber se voltaremos vivos para casa.