Até o início da era do rebaixamento, em 2001, o Guarani conseguiu se manter na divisão de elite do Campeonato Paulista por meio século. Nesse período, passou sufoco em uma ou outra edição. Foi o caso de 1959, quando, sob comando de João Avelino, o time fez uma campanha muito irregular.Depois de perder para o Jabaquara, empatar com o Botafogo e perder do Taubaté, o Bugre chegou à antepenúltima rodada sob pressão.Precisava vencer o Santos no Brinco de Ouro para escapar do rebaixamento à Segundona. Para complicar as coisas, o Peixe precisava da vitória para ser campeão.Com aproveitamento ruim em campo, João Avelino buscou ajuda fora dele. Consultou um pai de santo, que lhe mostrou o caminho para a vitória. Se quisesse superar o forte esquadrão de Coutinho, Pelé e Pepe, o Bugre teria de jogar de... meias pretas.Avelino fez o pedido à diretoria, mas não sei se foi atendido. Se algum leitor que foi a esse jogo em 20 de dezembro de 1959 quiser colaborar com a coluna, trarei a informação precisa aqui.Mas vamos continuar a história. O irregular Guarani teve um início arrasador e em 15 minutos já vencia por 2 a 0, gols de Rodrigo e Ferrari. Os visitantes precisaram de mais 15 minutos para empatar com gols de Carlão (contra) e Coutinho.No 2º tempo, Ferrari voltou a balançar as redes e o Guarani venceu por 3 a 2, resultado que lhe garantiu a permanência na elite.O Santos teve que disputar uma série de três partidas com o Palmeiras para decidir o título. Deu Verdão.Em Campinas, ficou a lenda de que as meias pretas e o homem de branco de Avelino ajudaram o Guarani a vencer. Em Santos, a história é diferente. Os santistas reclamaram muito da arbitragem e acusaram o Palmeiras, interessado direto no resultado, de ter encomendado outro tipo de serviço a um homem de preto.Tudo isso aconteceu em uma época em que o futebol era amador, romântico, cheio de histórias curiosas e muitas lendas sobre crenças capazes de mudar o resultado de uma partida.Hoje tudo mudou. O futebol é altamente profissional. Os atletas são preparados física e mentalmente para ter o melhor rendimento possível. A alimentação é balanceada, cada adversário é estudado em detalhes e os treinadores dão duro para fazer com que a equipe siga à risca as orientações táticas.O segredo do sucesso está na escolha dos melhores profissionais nas mais diversas áreas, do marketing ao elenco, do departamento médico à comissão técnica, passando, claro, pela diretoria de futebol. Como diz Ferran Soriano, CEO do Manchester City, a bola não entra por acaso. Ou entra, Guarani?