As férias com brancos

Quem realmente curte vinhos se atenta às situações, às companhias, ao ambiente, enfim, às circunstâncias em que uma garrafa vai ser aberta. Fiquei pensando nisso depois de ouvir várias vezes a pergunta (na real, uma forma de cumprimentar) se tomei muito vinho nas férias. “O suficiente”, digo. Ou “menos do que mereço”, brinco. Mas aqui vou além: tomei brancos de diferentes categorias, entre tranquilos e espumantes, nacionais e importados. Reitero, eles são perfeitos para o verão de altas temperaturas. E aproveito para me gabar dos uníssonos “ohssss” suscitados pelas uvas congeladas que às vezes uso para manter o vinho branco bem geladinho na taça (lembre-se, não dá para usar gelo). O efeito é divertido, charmoso e neutraliza qualquer postura sisuda em relação à bebida, tornando a ocasião mais descontraída.   Foto: Reprodução Uvas congeladas mantêm o vinho branco geladinho e provoca "ohss" entre os convidados Numa comparação sem compromisso, baseada apenas em percepção pessoal (pode chamar fantasia), considero o Pinot Grigio, o vinho que mais se assemelha à água, embora haja exemplares bem encorpados; algo como a vodca entre os destilados. Independentemente de teor alcoólico ou intensidade de aromas, não há como negar, os brancos são adoráveis, especialmente aqueles com mineralidade acentuada – hum, os Resling alemãs, tão esquecidos e nobres, e os vívidos Sauvignon Blanc, da Nova Zelândia.     Incluo também nessa lista amorosa de vinhos de férias os famosos Chardonnay, que andam com a imagem maculada pela padronização imposta por 11 entre dez países produtores. Mas dá pra fugir do excesso de carvalho que o torna amanteigado, comprometendo o frescor da uva. Os sem passagem na madeira não são muito comuns, porém, se você esbarrar em algum, agarre. Eles revelam uma uva fragrante, de deliciosa acidez. Por falar em fragrância, os vinhos aromáticos esbanjam vida e personalidade e têm tudo a ver com férias, verão e lazer. Gosto da mistura de rosas, lichia e carambola dos Gewürztaminer (uva de origem alemã que se deu bem no Brasil), os Torrontés (nem só de Malbec vive a Argentina) e os Moscatel (pegada mediterrânea que combina muito bem com o nosso clima). Saúde!     Foto: Reprodução A cada ano, o Prosecco, espumante fresco e de pegada tropical, fica mais popular no Brasil O sucesso dos Prosecco   Entre os espumantes, um, em especial, vem emplacando o título de queridinho da estação há várias temporadas. O Prosecco, elaborado com a agradável uva italiana que lhe dá nome, é presença constante em muitas ocasiões em que os termômetros se aproximem dos 30 graus. Fresco, esse vinho é uma festa de frutas molhadas e brancas, como abacaxi, pêra e maçã. Se perceber um toque floral, então... desfrute. O da foto (acima) é um italiano legítimo, bastante elegante e complexo. Grata surpresa!