CAMPINAS

Artistas realizam protesto contra fechamento da Oficina Hilda Hilst

A unidade de Campinas erá desativada no final de abril e as atividades na região em Limeira

Delma Medeiros
31/03/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 18:36
Sede da Oficina Cultural Hilda Hilst, em Campinas: fechamento programado para o final de abril ( Leandro Ferreira/ AAN)

Sede da Oficina Cultural Hilda Hilst, em Campinas: fechamento programado para o final de abril ( Leandro Ferreira/ AAN)

Está marcada para o dia 11 de abril, às 10h, no Centro de Convivência Cultural, em Campinas, uma exposição-protesto contra o fechamento da Oficina Cultural Hilda Hilst (OCHH). Segundo Álvaro Azzan, um dos organizadores da manifestação, a exposição será realizada com obras feitas ao vivo por artistas de todas as idades.   A temática será uma leitura ou releitura da vida e da obra da escritora e poeta Hilda Hilst, apenas com papelão e tintas levadas pelos participantes. “Também serão montados murais com fotografias de oficinas que ocorreram na OCHH”, informa Azzan.   Fechamento   A unidade da Secretaria de Estado da Cultura em Campinas, gerenciada pela organização social (OS) Poiesis - Instituto de Apoio à Cultura, à Língua e à Literatura, será desativada no final de abril e as atividades na região passarão a ser coordenadas pela Oficina Cultural Carlos Gomes, em Limeira. Segundo a Poiesis, a programação já agendada será mantida por meio de parcerias.   A opção pelo fechamento não só da oficina em Campinas, mas também de outras cidades — Araçatuba, Araraquara, São João da Boa Vista, Bauru e uma em São Paulo —, faz parte de uma reestruturação para adequar o projeto ao orçamento estadual, “seguindo diretriz de qualificação dos gastos e otimização dos recursos”, conforme informaram, em nota, a Secretaria e a OS.   Campanha   Além da exposição-protesto, há a petição on-line “Não ao fechamento da Oficina Cultural Hilda Hilst”, hospedada no site Avaaz.org, a ser entregue ao governo do Estado de São Paulo. Até as 14h45 desta segunda-feira (30), 1.552 pessoas haviam assinado o pedido — o objetivo é chegar a 2 mil. Uma página no Facebook também busca mobilizar os internautas não apenas a assinar a petição, como também a participar da exposição-protesto do dia 11 de abril.   A movimentação começou assim que a reportagem foi publicada — na edição digital do Correio Popular, o texto foi compartilhado 1,6 mil vezes.   Capital O corte de verbas que atingiu a Secretaria de Estado da Cultura é tema de um ato programado para esta quarta-feira, 1º de abril, às 14h, em frente à Sala São Paulo, no Centro da Capital. “O ProAC (Programa de Ação Cultural) teve um corte de R$ 13 milhões. Houve cortes de verbas também para a Pinacoteca do Estado, museus, oficinas culturais entre outros projetos. É um retrocesso que não podemos admitir”, diz a produtora cultural e integrante da Cooperativa Paulista de Teatro (CPT), Cassiane Tomilhero. Em todas as regiões do Estado, estão sendo pensadas formas de transporte para levar os manifestantes a São Paulo.    O secretário municipal de Cultura, Ney Carrasco, a Oficina Cultural Hilda Hilst poderia ser mantida em Campinas, apesar de perder a sede. Ele disse que a Prefeitura se dispôs a ceder espaço para manter na cidade a coordenação e a realização de todas as oficinas programadas.   Imóveis alugados   “Conversei com o secretário de Estado da Cultura (Marcelo Mattos Araújo) e questionei por que manter uma unidade numa cidade de 300 mil habitantes, como é o caso de Limeira, e suspender de outra com 1,2 milhão. Ele me explicou que foram fechadas as unidades que funcionavam em imóveis alugados e mantidas as que estão em prédios do Estado. Afirmei, então, que a Secretaria tem todo o interesse em manter inalterado esse serviço em Campinas e está disposta a oferecer espaço para abrigar a OCHH”, afirma.   Segundo ele, a coordenação do serviço poderia ser instalada numa sala da Estação Cultura e as oficinas realizadas no próprio local ou em outros espaços públicos de Campinas. “Temos um acordo verbal de manter a coordenação e oficinas em Campinas. Falta agora fazer os acertos com a OS responsável pela gestão das oficinas culturais no Estado”, diz.   Posição mantida   Apesar da boa disposição da pasta, a Poiesis reitera, por meio da assessoria de imprensa, que nada será alterado. “A reestruturação do Programa Oficinas Culturais, conforme anunciamos na última semana, já previa a continuidade das atividades realizadas pelo Programa, tanto em Campinas como em todas as outras cidades que tiveram suas sedes fixas desativadas, em outros espaços, cedidos por meio de parcerias com os municípios e instituições locais”, diz a nota da OS.   “Nesse sentido, a parceria com a Prefeitura de Campinas não altera a nossa ordem de reestruturação. A administração da OCHH será desativada, seus funcionários dispensados e seu coordenador passa a fazer parte da equipe de Limeira, com atuação específica sobre a programação de atividades em Campinas e região”, especifica a nota.   As atividades seguirão, segundo a Poiesis, nos espaços disponíveis, especialmente nos cedidos pela Secretaria de Cultura. “Essas mesmas medidas serão adotadas nas demais cidades onde conseguirmos parceria semelhante com as prefeituras”, completa a nota.

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