JOGO RÁPIDO

Armindo Dias e o nosso futebol - Parte I

Coluna publicada na edição de 23/5/18 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
22/05/2018 às 19:58.
Atualizado em 28/04/2022 às 09:43

Campinas perdeu Armindo Dias. E, ao mesmo tempo que o viu partir, aos 86 anos, a cidade herdou um legado de valor inestimável. Mais do que um empresário de enorme sucesso, Armindo Dias é um exemplo de vida. Eu poderia escrever durante semanas sobre a trajetória de Armindo Dias. O jovem que chegou ao Brasil com apenas 24 anos e 250 dólares (emprestados por um amigo) construiu um império. É para poucos. Mas a coluna é sobre esporte. A história de Armindo está em sua biografia de 400 páginas, lançada em 2015: Armindo Dias - Uma vida de dedicação a Deus, à família e ao trabalho. Recomendo a leitura. E será que o legado de Armindo Dias também pode ser utilizado pelos clubes de Campinas? Acredito que sim. Armindo chegou ao Brasil em 1956. Alguns anos antes disso, Guarani e Ponte Preta eram times amadores de uma cidade do interior. Muito populares por aqui, mas sem representatividade nacional. Eram times “pequenos” como milhares de tantos outros. Armindo Dias superou as dificuldades iniciais de sua nova vida no Brasil com muita dedicação e visão empresarial. No futebol, “profissionalismo” era uma expressão que ainda não fazia sentido, mas, com dirigentes dedicados, Ponte e Guarani, cada um no seu ritmo e com suas dificuldades peculiares, continuaram andando para frente. Conseguiram fidelizar seus torcedores e sobreviver a um período no qual muitos times semelhantes simplesmente deixaram de existir. Nos anos 60, Armindo Dias já tinha recursos para ser sócio e mais tarde único dono de sua empresa, a Doces Campineira. E os times de Campinas, ainda pequenos, já eram capazes de formar bons jogadores, muitos deles cobiçados — e contratados — por grandes clubes da capital. E chegamos aos anos 70. Armindo Dias já era um empresário de sucesso. Com seu trabalho e capacidade, precisou de apenas 20 anos para ampliar em milhares e milhares de vezes seu patrimônio inicial de 250 dólares. E a década também foi brilhante para Guarani e Ponte Preta. Vários (nem um, nem dois, nem três ou quatro, vários) jogadores da Seleção Brasileira se apresentavam nas noites de quarta e nas tardes de domingo de preto e branco no Majestoso ou de verde e branco no Brinco de Ouro. Eram dois timaços. Disputaram finais e quebraram recordes, alguns intactos até hoje. Como Armindo Dias, Ponte e Guarani saíram do quase nada e foram capazes de transformar a cidade do interior na “Capital do Futebol”. Escrevo mais sobre os capítulos seguintes das duas histórias na coluna de amanhã.

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