Levantadora da seleção argentina de voleibol celebra o amor em cerimônia budista com ex-jogador paulista e diz que vai morar em Santos
O reverendo budista Zenji Niö entre Yael Castiglione e Marcus Eloe. A cerimônia foi realizada em uma das folgas da jogadora (Arquivo Pessoal)
O que acontece na Vila dos Atletas fica na Vila dos Atletas? Boatos de festas, romances e escapadas permeiam o imaginário do público que acompanha os Jogos Rio 2016. Mas, às vezes, o amor entre atletas é fato – e tem que ser notícia além dos muros Olímpicos. Em 11 de agosto, o reverendo Zenji Niö realizou no centro budista do complexo religioso da vila a primeira cerimônia matrimonial dos Jogos Olímpicos, entre a argentina Yael Castiglione, levantadora da seleção de voleibol de seu país, e o ex-jogador de voleibol brasileiro Marcus Eloe. Yael conheceu Zenji – ou Zen, como é conhecido entre os atletas – durante os Jogos Pan-Americanos de 2015, em Toronto, no Canadá. Além de cerimônias religiosas, o reverendo conduz sessões de meditação baseadas nas técnicas dos samurais japoneses. Segundo a atleta argentina, Zenji a fez ver a vida de maneira diferente. Ao saber que ele estaria no Rio 2016, ela fez de tudo para realizar na Vila Olímpica seu casamento espiritual com Marcus, que nasceu em Ribeirão Preto e mora em Buenos Aires. Eles já são casados no civil desde junho. "Zen preparou uma cerimônia simples, pequena, mas muito poderosa. Fizemos todas as tradições. Andamos ao redor do altar budista sete vezes enquanto ele entoava palavras e cantos lindos. Choramos muito porque sabemos que muita coisa boa irá acontecer daqui em diante. Foi um momento espiritual incrível e único nas nossas vidas. Só podemos agradecer", disse Yael, que deixará Buenos Aires para morar com Marcus em Santos, cidade do litoral paulista. "Dizem que é o Rio, mas um pouco menor. É uma cidade linda para construirmos nossa família." A relação de Yael com Zenji realmente é forte. A atleta tinha se tornado ateia após perder os pais, mas reencontrou a fé no Pan. Passou a ler sobre budismo e adotou as técnicas de meditação ensinadas pelo reverendo. "Ele é uma pessoa especial, fez minha vida ficar melhor. Queria muito ter a oportunidade de viver esse momento com Marcus e que bom que conseguimos isso justamente nos Jogos Olímpicos", ressaltou Yael, que foi presenteada com talismãs budistas que contém palavras de sabedoria de grandes samurais japoneses. Zenji Niö também não escondeu a alegria por ser parte de um momento tão especial dos Jogos Olímpicos. Com voz serena, disse que seu papel no mundo é ajudar as pessoas e espalhar o amor. Para o reverendo, que trouxe objetos milenares para decorar a mesa do centro budista, a argentina e o brasileiro são a prova de que o amor supera qualquer rivalidade. "Entre eles, há amor, espiritualidade e carinho. Não existe essa rivalidade que argentinos e brasileiros tanto falam. Isso é um legado que os Jogos Rio 2016 deixam para o mundo. Através do amor, se supera qualquer diferença. Foi uma honra participar de algo tão especial", garantiu Zenji, que recentemente conheceu o cardeal Don Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro.