CARLO CARCANI

Arenas, segurança e dinheiro público

Carlo Carcani
27/03/2013 às 23:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 22:42

O Campeonato Carioca 2013 já estava com uma média de público muito baixa, com vários jogos dos quatro grandes com menos de 5 mil pagantes nas arquibancadas. Na terça-feira, o torneio sofreu um duro golpe, com a interdição por tempo indeterminado do Engenhão. A decisão da prefeitura do Rio, porém, foi correta. Se o estádio tem problemas estruturais que podem colocar em risco a vida de torcedores, a primeira coisa a fazer é impedir a realização de qualquer evento.

Os danos ao Carioca serão grandes, mas o que preocupa mesmo é saber que um estádio tão novo, inaugurado em 2007, já apresenta problemas estruturais. Também é preocupante a informação de que os problemas na cobertura do estádio eram conhecidos e vinham sendo monitorados nos últimos anos, mas só agora, após o fim da garantia da obra, foram anunciados ao público. Se é verdade que o Engenhão oferece risco aos torcedores, isso já era sabido e vinha sendo ignorado até agora, momento em que uma nova obra de reparo vai movimentar muito dinheiro público. É desanimador.

Em virtude da Copa do Mundo, arenas estão sendo construídas e reformadas às pressas de Norte a Sul do País. Será que algum órgão do governo está acompanhando as obras e os projetos que consomem bilhões de reais? Ou será que em 2019 prefeitos de várias cidades terão de interditar estádios novos e caros, como surpreendentemente acontece agora com o Engenhão?

E os estádios mais antigos, são fiscalizados corretamente? Depois da tragédia da Fonte Nova, o que o governo, a CBF e os clubes fizeram para evitar o risco de novas mortes? Ou será que só vale a pena detectar problemas em determinadas arenas e em determinados momentos?

Ainda tenho esperança que, com estádios modernos, confortáveis e seguros, o futebol brasileiro dê um passo adiante após a Copa do Mundo. Tenho esperança que as novas arenas e uma radical mudança na mentalidade dos dirigentes sejam capazes de transformar o futebol em uma opção de lazer para os torcedores apaixonados por seus times, para as famílias, para quem realmente gosta de esporte. Lugares numerados e oferta de serviços de qualidade são fatores que podem ajudar a afugentar o falso torcedor, aquele que vai ao estádio com ingresso “fornecido” pelo clube, para provocar confusão e cometer outros atos que afastam milhares de pessoas dos estádios.

Mas uma interdição repentina como essa no Engenhão (que, repito, considero correta se as informações forem verdadeiras), um estádio tão novo, me deixa menos otimista.

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