ESTRADA VICINAL

Área de Proteção vira depósito de lixo em estrada para Pedreira

Estrada que liga Campinas até a cidade tem dejetos em locais próximos a Área de Preservação Permanente

Bruno Bacchetti
11/11/2013 às 11:07.
Atualizado em 26/04/2022 às 12:20

Estrada rica em diversidade de fauna e flora e Área de Proteção Ambiental (APA) desde 2001, a vicinal que liga Campinas a Pedreira exibe um cenário de degradação em boa parte de sua extensão. Divergindo do aviso de proibição que consta em diversas placas, lixo e entulho estão espalhados pela margem da estrada. A vicinal passa pelos rios Jaguari e Atibaia, este o principal manancial de abastecimento de Campinas. São dez focos com pilhas de lixo, que vão desde latas, papelão e restos de construção, até materiais de difícil decomposição, como pneus, lâmpadas fluorescentes, garrafas pet e sacos plásticos.Rodeada por chácaras, fazendas e condomínios, aos fins de semana a estrada é utilizada como opção de turismo para ciclistas, jipeiros e motociclistas, que aproveitam a beleza natural da área.A reportagem percorreu os 22 quilômetros da estrada de terra entre Campinas e Pedreira, tendo como ponto de partida o trecho localizado ao lado da Rodovia D. Pedro I (SP-65). A expedição constatou que o problema é maior na área próxima de Campinas, onde o desrespeito é mais latente. Em determinados pontos, o ar puro da natureza e o canto dos pássaros contrastam com o mau cheiro causado pelo acúmulo de lixo orgânico despejado em meio as árvores e mata nativa.O presidente do Congeapa (Conselho Gestor da Área de Proteção Ambiental de Campinas), o ex-vereador Sebá Torres, afirma que o descarte de lixo acontece quase em sua totalidade na área perímetro urbano, por isso avalia que o prejuízo ambiental é pequeno. Além disso, ele lembra que a Rota das Bandeiras fará a manutenção de um trecho das estradas vicinais cortadas pela Rodovia D. Pedro I.“O problema do lixo é principalmente no trecho próximo à D. Pedro, onde tem bastante descarte. Diria que o lixo não interfere diretamente na APA, porque não temos muita área de mata. E esse trecho a Rota das Bandeiras vai ter que fazer a manutenção, conforme o contrato de concessão”, afirma Torres.Embora a maior parte do lixo deixado na beira da estrada não esteja em Área de Proteção Ambiental, a bióloga Giselda Person acredita que mesmo assim possa trazer prejuízos ao ecossistema da APA. Ela lembra que além da poluição visual e do solo, o lixo atrapalha a vida dos animais que vivem no local. “Mesmo se esses locais de descarte de lixo não estiverem dentro dos limites da APA, é uma área de influência, de entorno. E os animais não têm divisão. Como tem todo o tipo de lixo, alguns materiais podem machucar os animais, além, de trazer ratos que mudam a fauna”, explicou Giselda. “É uma área que deveria ser preservada, mas isso não acontece porque não há fiscalização”, acrescentou a bióloga.A Prefeitura de Campinas informou, por meio da assessoria de imprensa, que periodicamente faz a manutenção e limpeza da vicinal, obedecendo aos critérios da APA. No entanto, a Administração pede o auxílio da população para não despejar lixo e entulho no local e denunciar quando flagrar esse tipo de ação.“A Secretaria de Serviços Urbanos realiza o serviço nesses locais pelo menos uma vez por mês. Além da limpeza, é jogado cascalho e feita a compactação do solo, uma vez que a área não pode ser asfaltada porque faz parte de uma APA. A população precisa se conscientizar e não jogar lixo. Denúncias podem ser feitas no telefone 156", destacou a administração.Segundo a Prefeitura, a limpeza da área vai entrar na programação da Secretaria de Serviços Públicos em 15 dias.Apesar de a Prefeitura afirmar que faz a limpeza periódica, uma pessoa que passa diariamente pelo local e não quis se identificar, com receio de represálias, disse que o problema é recorrente. “Faz tempo que não vejo a estrada limpa. Tem caminhão que sai da D. Pedro e entra aqui só para descartar entulho da construção civil. Aí o pessoal vê a área suja e descarta lixo doméstico”, completou.

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