SAÚDE

Ar seco amplia atenção com crianças

Atendimento por doenças respiratórias no Outuno e Inverno aumenta 70% com baixa umidade

Nice Bulhões
20/05/2013 às 05:43.
Atualizado em 25/04/2022 às 15:35

O tempo seco propicia de ardência e irritação nos olhos e garganta a tosse seca ou “cheia”, podendo evoluir para casos mais graves em pessoas que já tenham alguma doença crônica, como asma. As crianças são um dos grupos mais vulneráveis às doenças neste período e precisam receber atenção redobrada, segundo o pediatra José Marcos Iorio Carbonari, professor de pediatria da Faculdade de Medicina da Pontíficia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). No Outono e Inverno, a busca por atendimento médico em decorrência das doenças respiratórias em crianças aumentam entre 40% e 70% do volume atendido.

“Temos um Inverno de ar seco e este fator agride a mucosa das vias respiratórias, que reagem através de processo inflamatório e aumentam a produção de secreções”, explica Carbonari. Outro fator que propicia a proliferação dessas doenças, sendo as mais comuns o resfriado comum, a bronquiolite (principalmente em lactentes menores), a otite média e as pneumonias bacterianas, é o hábito de se manter os ambientes fechados, pois, na maioria das doenças, a via de contágio é a respiratória: ar inalado e/ou objetos contaminados.

Para evitar essas doenças, Carbonari diz que a boa alimentação é fundamental. "Através do leite materno, a criança recebe passivamente proteção por anticorpos que a mãe produziu durante a sua vida toda, portanto esta é a melhor proteção possível." É preciso ainda manter os ambientes abertos, arejados e ventilados para evitar infecção cruzada." Segundo o pediatra, é preciso quebar o mito de que corrente de ar e vento encanado fazem mau. "Bom senso é o fator mais importante." Acrescenta que os vírus também são transmitidos em objetos contaminados pela mão, saliva e espirros do portador, permanecendo ativos horas ou até dias nestes objetos. "Portanto, deve-se lavar as mãos frequentemente, principalmente após contato com secreções."

A maioria dos casos está ligada a vírus. "As bactérias, geralmente, apresentam-se como complicações", diz Carbonari. As crianças sofrem mais complicações que os adultos. Nas crianças, as vias aéreas são proporcionalmente menores, menos extensas e os mecanismos de defesa menos ativos quanto menor for ela, por isso elas pioram rapidamente. Os ouvidos comunicam-se com a região interna da nasofaringe através de um canal, chamado tuba auditiva. "Na criança, este canal é mais curto, mais largo e mais horizontalizado, favorecendo facilmente a entrada de secreções nos ouvidos através dele", explica o médico. "Por isso, mamar deitado, mamar com obstrução nasal e assoar o nariz contribuem para um resfriado evoluir para otite, devendo ser evitados ao máximo." Carbonari explica que crianças pequenas não conseguem ter tosse efetiva para expectorar, por isso xaropes expectorantes têm pouco efeito, sendo melhor uma boa hidratação para fluidificação das secreções, e a ajuda de fisioterapia respiratória sob indicação médica, se for o caso. "A imunidade geral das crianças menores está em formação, por isso é menos protetora que a dos adultos, favorecendo às complicações infecciosas." Ele orienta os pais a darem a vacina contra a gripe. "A gripe causa doença grave, até mesmo a morte, como nas epidemias de H1N1, a chamada gripe suína, e como na gripe asiática, da qual ainda não estamos livres", diz.

"Os mais antigos lembram-se da famosa gripe espanhola, que dizimou milhares de pessoas em todo o mundo no século passado." Ele lembra que a imunidade adquirida é especifica para cada vírus contido na vacina aplicada, que protege contra os vírus da gripe e não contra os vírus do resfriado comum.

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