Depois de passar por vexame nas últimas três etapas, quando viu seus pilotos largando na pole para depois perder muito terreno ao longo da prova, a Mercedes tem sua grande chance de brigar de fato por uma vitória neste final de semana, em Mônaco. Um circuito travado, em que as ultrapassagens são difíceis e o desgaste de pneus não é tão alto, gera a combinação perfeita para um carro muito rápido em uma volta, mas que deixa a desejar em ritmo de corrida.
Mas Mônaco é Mônaco e, nas próximas etapas, os mesmos fantasmas deverão assombrar Nico Rosberg e Lewis Hamilton. Muitos acham que a equipe busca ser tão veloz na classificação que acaba acertando o carro de uma maneira que atrapalha na corrida, mas não é tão simples. Tanto, que os próprios dirigentes reconheceram a surpresa quando o time marcou a terceira pole seguida, na Espanha. “Acertamos o carro para o que achávamos ser melhor para a corrida. E, surpreendentemente, fechamos a primeira fila”, afirmou o diretor executivo Toto Wolff.
É inegável que a Mercedes superaquece seus pneus. Por isso, vai tão bem na classificação, já que coloca os compostos mais facilmente em sua temperatura ideal de funcionamento. Por isso, também, sofre com desgaste mais acentuado nas corridas. Não é algo simples de resolver, haja vista o tanto que uma equipe até com mais recursos, a Ferrari, vem penando para solucionar um problema exatamente oposto ao do time alemão: a lentidão no aquecimento dos pneus. Ainda que isso seja positivo para se trabalhar com os compostos atuais, pois colabora com a diminuição do desgaste na corrida, ajuda a explicar a falta de ritmo de classificação do carro nos últimos quatro anos.
Mas o grande mistério no caso da Mercedes é que os pneus não parecem ser a única resposta. “Estamos analisando tudo — como se trata o pneu, como o aquece, como se mantém ou se tira calor, como se pilota, como se prepara. Acho que não é uma questão de carro, mas de processo”, diz Wolff.
Parece faltar exatidão entre os dados coletados nos treinos livres e no simulador, que hoje é fundamental para o acerto, e os obtidos no domingo. A equipe se surpreende com as respostas do carro durante a corrida.
Não é só pensando neste campeonato que a Mercedes se esforça para superar seus problemas. Com a volta dos motores turbo, os carros terão mais torque e, com isso, irão forçar muito os pneus traseiros. Sem compreender onde estão errando no projeto nesta temporada, vai ser difícil que os alemães deem o esperado pulo do gato na próxima temporada.