A obra, orçada em R$ 830 milhões, vai socorrer o abastecimento na região de Campinas e na Grande São Paulo
Rio Piracicaba, voltou a mostrar os efeitos da escassez hídrica, com pedras à mostra ( Del Rodrigues/ AAN)
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou o financiamento ao governo do Estado para as obras de interligação dos reservatórios Jaguari, na Bacia do Paraiba do Sul, e Atibainha, no Sistema Cantareira. A obra, orçada em R$ 830 milhões, vai socorrer o abastecimento na região de Campinas e na Grande São Paulo. A assinatura do financiamento - o BNDES vai emprestar 90% dos recursos - ocorrerá na quinta-feira (25) em Brasília, entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB). Problemas na licitação devem alongar o cronograma de nauguração em três meses, empurrando para fevereiro de 2017, o início da transposição das águas.A interligação dos reservatórios foi incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o que permite que os contratos firmados possam ser executados por meio do RDC. O regime diferenciado acelera e simplifite os recursos serão financiados via Caixa Econômica Federal (CEF) e Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES). A Sabesp já havia lançado o edital de licitação da obra de transposição, mas teve que refazer o edital, por decisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE).. A decisão foi tomada a partir de uma representação da construtura Queiroz Galvão, que acusou haver vícios no edital lançado pela Sabesp. Os questionamentos à licitação foram a segunda barreira que o governo enfrenta nesse projeto, orçado em R$ 830,5 milhões e que visa a recuperação e o aumento da segurança hídrica do Cantareira, responsável pelo abastecimento da região de Campinas e Grande São Paulo. O primeiro foi conseguir acordo com o Rio de Janeiro e Minas Gerais para poder utilizar a água do Jaguari, um manancial estadual, mas que é afluente do Rio Paraíba do Sul, responsável pelo abastecimento de cidades da região do Vale do Paraíba e Rio de Janeiro. A obra consistirá na construção de uma adutora, de cerca de 20 quilômetros de extensão, para ligar a represa Jaguari à represa Atibainha. Existem dois rios Jaguari, um próximo do outro. Um, estadual, é importante afluente do Rio Paraíba do Sul. Antes de chegar ao Paraíba, ele é represado entre São José dos Campos e Jacareí, alagando áreas também em Igaratá e Santa Isabel. Ali existe uma usina hidrelétrica, subutilizada. É dessa represa que o governo do Estado quer tirar água para abastecer São Paulo. O outro Rio Jaguari é federal, nasce nos municípios de Sapucaí-Mirim, Camanducaia e Itapeva, em Minas Gerais e é afluente do Rio Piracicaba. Sua represa, na região de Bragança Paulista, é parte do Sistema Cantareira.A interligação irá estabelecer uma mão dupla no transporte de água - quando o Cantareira estiver armazenando menos de 35% de sua capacidade será trazida água da Represa Jaguari e quando estiver acima de 75%, a água será bombeada da Atibainha para a Jaguari. Essa operação, no entanto, enfrenta resistência dos municípios paulistas e fluminense do Vale do Paraíba, que temem redução da vazão do Rio Paraíba do Sul, que abastece 15 milhões de pessoas. Logo que a proposta veio a público, as cidades da região do Vale do Paraíba e do Rio de Janeiro, que também são abastecidas pelas águas do Rio Paraíba, fizeram duras críticas ao projeto. A Sabesp diz ainda que a interligação permitirá aumentar a disponibilidade hídrica no sistema Cantareira em 5,13 metros cúbicos por segundo (média anual)/8,5 metros cúbicos por segundo (máxima) do reservatório Jaguari (afluente do Paraíba do Sul) para o reservatório Atibainha (do Sistema Cantareira).