Fui professor da Faculdade de Direito da PUC durante 25 anos, mas no final do ano passado resolvi me aposentar. No meu primeiro dia de ócio recebi um e-mail contando um episódio atribuído ao hilariante Barão de Itararé, acontecido em seu tempo de estudante.
Conta-se que um velho professor, daqueles que acham saber tudo e que os alunos são ignorantes ao extremo, perguntou a Torelly: — Quantos rins nós temos?
— Temos quatro, estimado mestre, respondeu o Barão com toda segurança.
Chamando o bedel, o professor lhe disse: — Traga-me um feixe de capim para alimentar um burro.
— Para mim um café, interveio o Barão.
Indignado com tanta ousadia, o professor expulsou o Barão da sala, que ao sair ainda lhe disse: — A resposta que dei estava correta. O senhor perguntou quantos rins nós temos e os meus dois somados aos seus são realmente quatro. Bom apetite, respeitado mestre.
No magistério, também já enfrentei situações inusitadas. Certa ocasião, falando sobre a divisão de poderes, perguntei aos alunos: — Nós temos o poder Executivo, o Legislativo e o Judiciário, em qual desses poderes está o Ministério Público?
Uma aluna, do fundo da classe respondeu: — Em nenhum deles, professor, o MP está em Alphaville.
O fato apenas confirma minha tese de que os alunos pensam que estão pagando para ensinarmos a eles, mas nós professores é que recebemos para aprender.
Estava justamente comemorando essa minha ociosidade e como gastar o meu tempo inutilmente, quando o telefone tocou.
Tirei o telefone do gancho e alguém do outro lado da linha foi logo perguntando: — Quem está falando?
Respondi prontamente: — Você.
Entretanto, as pessoas estão perdendo o senso de humor e minha resposta não foi bem recebida.
Já percebi isso em outras ocasiões e tenho me divertido muito. Certa ocasião, falando com uma operadora de cartão de crédito, ao solicitar uma informação, a atendente advertiu: — Para sua maior segurança vou lhe fazer algumas perguntas pessoais, tudo bem?
— Qual o nome de seu pai?
— José.
— Qual é a data de seu aniversário?
— 5 de maio.
— De que ano?
— De todos os anos.
Na semana passada, encontrei-me com um conhecido político e perguntei a ele: — A maneira mais rápida de se chegar a Brasília é em um avião da FAB?
— Não é, disse-me, com despreparo, incompetência e falta de vergonha na cara chega-se muito mais depressa.
Não podemos perder o humor e nem a esperança de um Brasil melhor para nossos filhos. Como diria o Barão de Itararé: — Nunca desista de seu sonho. Se acabou em uma padaria, procure em outra.