CAMPINAS

Após 36 anos de espera, moradores ganham praça

Lixão da Felipe Leonardo Trachio Vieira será substituído por quadras e outros equipamentos

Maria Teresa Costa
20/11/2013 às 10:00.
Atualizado em 24/04/2022 às 23:09

Se há uma coisa que ninguém pode negar, é que a população do Jardim do Trevo tem paciência. Há pelo menos 36 anos, desde que Francisco Amaral assumiu a Prefeitura de Campinas, em 1977, que eles esperam ver a Praça Felipe Leonardo Trachio Vieira, dentro do canteiro central da Rua São Luiz do Paraitinga se tornar, de fato, uma praça. Nunca foi urbanizada e virou depósito de entulho. Tanta espera fez o secretário de Serviços Públicos, Ernesto Paulella, sentir vergonha e decidir, finalmente, incluir a praça entre as obras que serão entregues até o final do ano. Para compensar a espera, a Prefeitura vai investir R$ 623 mil para tornar o local em uma imensa área de lazer de cerca de 30 metros de largura por 800 de extensão, com direito a quadras poliesportivas, campo de futebol, academia para a terceira idade, pista de caminhada, playground, paisagismo e iluminação. Paulella, que foi diretor do Departamento de Parques e Jardins nas administrações de Francisco Amaral e José Roberto Magalhães Teixeira, disse que ouviu os moradores pedirem a urbanização do canteiro em todos esses mandatos. “Nunca conseguimos fazer, e a praça foi ficando para trás. Com tantas demandas na cidade, quem gritou mais foi conseguindo e acho que talvez os moradores do Jardim do Trevo não gritaram tão alto. Mas me senti envergonhado com tanta espera. Agora a praça vai sair”, disse. ReeducandosA obra está sendo feita devagar, utilizando a mão de obra dos reeducandos. “Finalmente estamos vendo uma obra por aqui”, disse o comerciante Ramon Magalhães de Figueiredo. Há pelo menos 20 anos, tempo em que tem um restaurante no bairro, é testemunha da luta dos moradores para manter o lugar em ordem. “O Jacó Bittar plantou umas árvores e abandonou a praça, e depois ninguém mais fez nada. Virou um lixão. Fizemos um campo de futebol, com ajuda do Colégio da Polícia Militar, e alguns moradores plantaram árvores. A Prefeitura nunca fez nada”, disse. Segundo ele, o campo de futebol tem sido palco para candidatos a prefeito e vereadores nas eleições, mas o retorno dos votos, disse, nunca veio. A dona de casa Heloisa Siqueira não acredita que o bairro vai ganhar uma praça no lugar dos entulhos. Mesmo não morando na frente da área — a maior parte das construções da rua é formada por galpões comerciais — ela disse que além de deixar o bairro feio, o abandono tornou o lugar perigoso. “Quando vi esses homens trabalhando nem acreditei. Só espero que não abandonem de novo, como ocorreu antes”, disse. Rodeada por ruas asfaltadas e boa infraestrutura, a via durante décadas teve um cenário precário. A Rua São Luis do Paraitinga é dividida em duas por um afluente do Córrego Piçarrão, que está canalizado em cerca de 800 metros de extensão. É nesse trecho, próximo a uma das avenidas mais movimentadas da cidade, a Prestes Maia, que irá surgir uma praça. SambódromoO lixão que vai virar praça já chegou a ser cogitado para abrigar o sambódromo de Campinas. O prefeito cassado Hélio de Oliveira Santos (PDT) pediu estudos, em março de 2010, para instalar no canteiro central da Rua São Luiz do Paraitinga, além do sambódromo, um complexo de eventos, centro profissionalizante e creches. Nunca saiu do papel. Hélio optou por construir o sambódromo entre as avenidas Ruy Rodriguez e a Vila União, próximo da Rodovia dos Bandeirantes — foram gastos R$ 4 milhões, a obra não terminou e nunca uma escola de samba desfilou naquela passarela.

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