ZEZA AMARAL

Aos deuses do apito

Zeza Amaral
13/04/2015 às 21:33.
Atualizado em 27/04/2022 às 12:40

Carlo Carcani não tem bola de cristal e, portanto, não é um pitoniso. Na sua crônica dominical do dia 12 de abril, ele abordou uma questão ética não observada pela Federação Paulista de Futebol quando esta firmou contrato de patrocínio da Crefisa na camisa dos árbitros paulistas. A cartolagem do futebol brasileiro é soberba em suas decisões, jamais avaliando os erros que podem cometer quando a máquina registradora canta o tilintar do dinheiro que entra no caixa.   Para problemas complexos, sempre os soberbos adotam uma solução simples... e errada. Para quem não leu a crônica do Carlo Carcani “A Federação não se incomoda” sugiro lê-la, mas com olhos na data, visto ter sido ela escrita horas antes do início do mata-mata do campeonato paulista – e publicada doze horas depois (jornalista sempre vive no limbo do tempo, entre o agora e o após, devo dizer).   E a Ponte Preta saiu prejudicada no confronto com o Corinthians; o Palmeiras (patrocinado pelo Crefisa) saboreou uma vitória contestável contra o Botafogo de Ribeirão Preto; e São Paulo e Santos também estão nas etapas finais do campeonato paulista. O jogo dos Escravos de Jó, o do tira, põe, deixa ficar, venceu mais uma vez. E lá na camisa da arbitragem está estampada a ética que faz girar o caixa administrativo da Federação Paulista de Futebol. E Corinthians e Palmeiras levarão milhões de reais aos cofres da FPF.   Não se trata de teoria conspiratória, pois, é certo, se conspiração houve nas quartas de final de Corinthians e Palmeiras, ela aconteceu nos beiços dos Deuses do Apito - e quem sabe dos bandeirinhas. Pelo bem ou pelo mal, futebol não mais depende do exaustivo trabalho de treinadores e boleiros. Basta um erro e o trabalho de meses vira repasto aos porcos famintos da pocilga futebolística. Mas por que o erro sempre tem que acontecer na partida mais importante de qualquer equipe, hein? E fala-se em bola digitalizada, quinto árbitro, trocentos bandeirinhas, mas nenhum grande cartola federativo apresenta uma ideia de um “olho mágico” - como acontece no tênis e voleibol – para dirimir dúvidas pertinentes. Talvez estejam de olho apenas no faturamento das federações que dirigem. E é uma pena que não entendam a ética amparada e enunciada pelo confrade Carlo Carcani. Talvez lá, ao fim dos tempos.   PS. Não demorou tampo tempo. A Fifa acaba de proibir a FPF de patrocinar árbitros de futebol, pois fere o artigo 15 de Organização de Arbitragens. Nada como um apito atrás do outro, não é mesmo?

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por