JOAQUIM MOTTA

Amores Antigos e Atuais

Joaquim Motta
30/08/2013 às 05:01.
Atualizado em 25/04/2022 às 03:51
ig - joaquim motta (cedoc)

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A História nos indica que vivemos ciclos de renovação e conservação, alguns com ranços mais resistentes, outros mais liberados. Nas demandas da Sexualidade Humana, já nos habituamos a enfrentar valores rançosos de ordem moralista, sexista (machistas em destaque, feministas logo atrás) e de toda a cultura falocentrada. Há alguns aspectos que resistem com estoicismo, nem mesmo se adaptando a simples reciclagens de acomodação. Há religiões que insistem em prestigiar a virgindade, negar a homossexualidade e atribuir indecência a uma saia prosaicamente mais curta. Na atualidade, alguns homens reclamam que conhecem mulheres que não querem namorar, evitam o vínculo romântico, ficando só no sexo sem compromisso. Essa talvez seja a maior revolução de costumes afetivo-eróticos do nosso tempo. Mas ainda é cedo para representar um comportamento transformador de maioria. Veremos mais à frente se as moças não reciclarão a necessidade do vínculo. Revendo alguns exemplares de livros mais antigos, vasculhando na minha biblioteca – muitos amigos me brindam com esses presentes maravilhosos -, chamou-me a atenção uma edição de 1934, da “Calvino Filho Editor – Rio de Janeiro”. Trata-se da obra “A Vida Sexual e o Amor na Rússia”, de J. Helman. O preço anotado na página inicial era de “6$000” (seis mil réis – réis formaram a moeda brasileira até 1942). Encontrei na internet, oferecido como livro raro, um exemplar igual ao custo de R$110,00 (cento e dez reais). Pelo que consegui comparar, seria o equivalente a multiplicar por 4 vezes o valor original. No prefácio, anunciando a “segunda edição russa”, o autor escreve: “A vida sexual, até o presente mergulhada nas profundas trevas das ideias e sentimentos mystico-romanticos, impregnadas de hypocrisia e preconceitos, precisa ser inteiramente transformada”. Esse comentário de mais de 77 anos atrás (esta edição brasileira é tradução da segunda edição russa – a primeira eu não encontrei a informação de quando foi publicada) é atualíssimo. Por incrível que pareça, a sexualidade humana atual ainda segue permeada de vários tópicos escuros, preconceituosos, conflitos afetivo-eróticos e da política hipócrita das aparências. Mas sigamos comparando alguns dados. Há um estudo estatístico em que se pesquisa a excitação sexual da mulher. A conclusão é: "As relações sexuais não lhe proporcionam sempre o prazer e a satisfacção que os homens experimentam. Na metade dos casos, quasi (43,2% no nosso inquérito), a mulher mantem-se indiferente, ou experimenta um sentimento de repugnancia, durante o coito. Em alguns casos, a repugnancia é tão grande que a relação sexual adquire para a mulher o aspecto de uma verdadeira tortura physica e psychica. Apesar disto, a mulher se deixa dominar pelos impulsos psychicos e se entrega por compaixão aos desejos do marido.”... Nas avaliações de hoje, temos aproximadamente 1/3 das mulheres com dificuldade de excitação e orgasmo, algumas que sentem a possibilidade de sexo como as de ontem: algo extremamente desagradável, um esforço a cumprir, sacrifício distante do prazer. As conexões psíquicas também estão profundamente implicadas nos relacionamentos, mobilizando polos radicais de insistência romântica e de vanguarda promíscua. As mulheres que ainda exageram na extremidade romântica não se permitem sexo sem compromisso ou uma declaração de afeto, podendo chegar a longos períodos de abstinência. Às vezes, negam o desejo, como se não tivessem impulso sexual na sua natureza. Viúva de 73 anos, ginasta em forma invejável, iniciou namoro com homem de 69, que parecia mais velho. Ela exigiu protocolar um casamento para fazer sexo. Casaram-se, mas ela o avaliou péssimo parceiro sexual, arrependendo-se do protocolo. Ao completar a pós-graduação, namorando há alguns meses, moça de 26 disse para o namorado que se não ouvisse dele “eu te amo”, não concordaria com o sexo. Por outro lado, muitas mulheres que participam do sexo casual cultuam uma ambivalência de valores morais. Elas se perguntam qual o número de parceiros em determinado tempo para caracterizar a promiscuidade... Ou se permitem submeter a um apelo nostálgico que só autoriza transar com quem estejam namorando... Saiba detalhes de programação e interaja com o GEA (Grupo de Estudos sobre o Amor) no site www.blove.med.br .

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