CARLO CARCANI

Ambição no esporte, parte 2

Carlo Carcani
20/03/2014 às 22:30.
Atualizado em 24/04/2022 às 14:37

Na última coluna, escrevi sobre todos os obstáculos que Michael Oher superou — em sua vida, na escola e no esporte — até conquistar o título da NFL. A história da vida do jogador do Baltimore é contada no ótimo filme Um sonho possível.No esporte profissional, carreiras de muitos atletas renderiam ótimos filmes. Atletas de qualidades fantásticas que conseguem se manter no topo, apesar da frequente, forte e sempre renovada concorrência. Infelizmente, muitos jogadores de enorme potencial não conseguem mostrar ao mundo tudo o que são capazes de fazer. Falta a essa turma a vontade de vencer sempre, de alcançar e superar limites.Cristiano Ronaldo é um ótimo exemplo para essa turma. Domingo tem Real Madrid x Barcelona, jogo de extrema importância na briga pelo título do Campeonato Espanhol.Na quarta-feira passada, o Real jogou contra o Schalke 04 pela Liga dos Campeões. O jogo teve pouco valor porque a parada foi resolvida na Alemanha, onde os merengues venceram por 6 a 1.Com a vaga nas mãos e El Clásico pela frente, o técnico Carlo Ancelotti resolveu poupar vários titulares. O normal seria que seu principal jogador ficasse no banco ou nem isso. O normal seria que Cristiano Ronaldo tivesse uma semana de descanso antes de um dos jogos mais importantes da temporada.Mas CR7 não é normal. O português é muito fominha. Um bom fominha. O fominha que qualquer um adoraria ter no seu time. Cristiano pediu para jogar. Quer ser o artilheiro da Liga dos Campeões. Quer bater o recorde de Mazzola e Messi, maiores artilheiros de uma única edição do torneio, com 14 gols. Cristiano tinha 11 gols e foi a 13 com os dois que marcou no jogo que não precisava disputar. Não precisava, mas jogou. Queria ganhar e ganhou. Queria marcar gols e marcou. Conseguiu porque está sempre em ótima forma. Conseguiu porque treina muito para fazer tudo o que faz.Na segunda-feira, em entrevista ao Bem, Amigos, o técnico Muricy Ramalho encheu a bola de Neymar. Disse que, no dia seguinte aos jogos do Santos, Neymar chegava cedo ao clube e pedia para treinar com os atletas que não atuaram. Após os treinos, ficava cobrando faltas e mais faltas. Nunca reclamava de dor.Em seguida, Muricy elogiou a qualidade técnica de Pato e Ganso, mas disse que os dois precisam “querer mais”. A frase resume tudo. Não se trata de querer vencer. Isso todos querem. Se trata de querer se preparar bem para vencer. E isso exige sacrifícios.E só aqueles que se submetem a esses sacrifícios são capazes de vencer, conquistar títulos, quebrar recordes. São esses que merecem ter a vida narrada em livros e filmes. São ídolos do esporte que servem de exemplo para todos nós.

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