SOLIDARIEDADE

Alunos gravam CD para ajudar ONG

Verba será destinada a pagar as contas; falta dinheiro até o aluguel da sede, no Jd. Florence

Rogério Verzignasse
rogerio@rac.com.br
28/02/2014 às 05:00.
Atualizado em 24/04/2022 às 15:44

    Alunos e ex-alunos do Instituto Anelo, escola de música aberta a menores carentes da região do Jardim Florence, passaram os últimos cinco meses em estúdio para gravar um CD e conseguir recursos para pagar as contas da entidade. A organização não-governamental nasceu há 13 nos. A garotada aprende a tocar instrumentos e ninguém paga nada. Até os professores são voluntários.   O drama é que as contas se acumulam. Falta verba até para honrar o contrato de aluguel do imóvel que serve como sede, lá mesmo no bairro. Pois aí surgiu a ideia do disco. A banda, formada por nove rapazes, espera que o CD renda convites para shows. E verba para manter a obra social. Fundação   O Anelo foi fundado no ano 2000 por Luccas Soares, cidadão que, para se tornar músico, contou com a ajuda de uma professora que lhe emprestou o piano por três anos. No começo, adolescente, o rapaz sonhava montar a própria banda. Mas aí percebeu que tinha uma missão mais importante.   A música, diz, ia fortalecer amizades, revelar talentos, dar esperança de futuro melhor a muita gente de origem bem humilde. E não deu outra. Em pouco mais de 13 anos de história, o Anelo formou músicos que passaram a ocupar cadeiras em orquestras. Muitos conseguiram bolsas para especialização em faculdades e conservatórios famosos. Tirar das ruas Segundo o funda dor, o trabalho voluntário foi essencial para tirar meninos da rua. E a iniciativa atraiu o apoio de colaboradores de dentro e de fora do Florence. Quando faltam doações, os próprios alunos e professores colocam a mão de bolso e tiram os trocos para pagar água, luz e manutenção de equipamentos. Aliás, nem todo mundo tem seu violão. Soares, e os velhos parceiros, fazem campanhas periódicas pela arrecadação de instrumentos, cidade afora.  A Banda Anelo é contemporânea da fundação do instituto. A formação do grupo, aliás, foi mudando com o tempo. Só continua integrante quem nunca deixou o bairro. Hoje, são nove homens adultos, com a média de 35 anos. Menor, por ali, só há um. Felipe Ferreira Lapa, de 16 anos, é aluno da ONG desde os 8. E tem uma habilidade rara com as baquetas. Tanto é que ganhou o convite para tocar ao lado dos marmanjos. O garoto, aliás, tem o apelido de "Verde" . É, sinônimo de imaturo, inexperiente. Mas é só piada da turma. Da primeira turma   Também integra a banda o jovem Rômulo Oliveira, de 27 anos, que fez parte da primeira turma de alunos da ONG. Ele, que nasceu no próprio Florence, é filho do músico profissional Francisco Severino Oliveira, hoje aposentado, que chegou a tocar trombone na Orquestra Sinfônica de Campinas. E o jovem, hoje, é um dos professores do Anelo. Ensina sax, violão e flauta. E nem pensa em deixar o grupo. "A música, meu caro, tem o poder de transformar o mundo. Muda a personalidade, aprimora o caráter, te apresenta grandes amigos" , diz, orgulhoso.Nestes meses, o estúdio ficou pequeno para acomodar a galera tocando bateria, percussão, baixo, guitarra, saxofone, flauta, clarinete, violão e escaleta. O CD vai sair com nove músicas. Todas compostas por ex-alunos do Anelo. Em fase final de mixagem, o disco será lançado em 40 dias. E quem passou por lá, na semana, ficou tocado ao saber detalhes do projeto.     Gratidão   Para gravar, o grupo tinha recursos da ordem de R$ 12,6 mil, repassados por um fundo municipal de incentivo à cultura. Mas o montante só pagaria metade dos custos previstos de produção. Mas aí a gratidão entrou em cena. Um ex-aluno do Anelo, Tiago Santana, hoje é diretor musical do Estúdio Visual, fundado há pouco mais de dois anos no Jardim Paraíso, na região do Brinco de Ouro. E ele conseguiu da empresa um preço simbólico pela cessão dos equipamentos e técnicos. O fundador da ONG ficou emocionado. "Com a ajuda do estúdio, a banda conseguiu gravar o primeiro disco de sua história" , disse Soares. As pessoas interessadas em saber detalhes sobre a história e a proposta social do instituto podem acessar o www.anelo.org.br ou entrar em contato com o fundador pelo e-mail institutoanelo@yahoo.com.br ou pelo celular (19) 99730-7815.

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