Morar & Viver

Alto potencial

O sonho da casa própria não é uma escalada impossível mesmo com os ventos incertos da economia; basta planejamento, cautela e bons profissionais para guiá-lo

Vilma Gasques - Especial para Metrópole
31/03/2015 às 17:57.
Atualizado em 23/04/2022 às 18:46
especial  (Guilherme Gongra/AAN )

especial (Guilherme Gongra/AAN )

A região de Campinas mantém-se com potencial alto no que se refere ao mercado imobiliário, mas, os desafios seguem os rumos da economia nacional, num ano em que os ajustes estão sendo feitos em todos os setores. Isso, porém, não é uma visão negativa, já que esse segmento é considerado a mola propulsora da economia em todo o mundo, e os investimentos devem ser mantidos pelas empreiteiras para atender à demanda.   Para o diretor da regional Campinas do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), Márcio Benvenutti, a grande expectativa do setor voltou-se este ano para o lançamento da terceira fase do Programa Minha Casa, Minha Vida. Mesmo assim, fazer previsões é algo arriscado, diz ele, já que o mercado está inconstante. No entanto, há para 2015 expectativa positiva de crescimento entre 4% e 5%. “No momento a oferta está maior do que a demanda, mas tudo depende do segmento de mercado. Para imóveis pequenos, de menor valor e que estão dentro da proposta do Minha Casa, Minha Vida ainda existe maior demanda do que oferta. Já no caso de imóveis de alto padrão, com mais de 100 metros quadrados, em boa localização e com padrão de qualidade maior é preciso que seja muito bom; caso contrário, não é vendido facilmente”, ressalta. Com relação ao crédito para aquisição dos imóveis, Benvenutti diz que as principais vantagens também estão concentradas, em maior parte, nos imóveis pequenos. “Para contornar esse momento sem grandes problemas é preciso que haja bons produtos no mercado e com preços mais acessíveis. Mas, o principal é a segurança e a rapidez para liberação dos projetos pela administração municipal”, salienta. Para o arquiteto Welton Nahas Curi, eleito presidente da Associação Regional da Habitação (Habicamp), as previsões para este ano no mercado imobiliário não são das melhores, mas ele faz considerações sobre o potencial da cidade. “No ranking imobiliário mundial, São Paulo ocupa o sexto lugar dos mercados mais quentes. E cidades como Campinas têm se apresentado como alternativas melhores do que a própria Capital para investimentos nesse setor. Creio que esse processo recessivo que estamos vivendo dure o ano todo, mas isso deve se transformar num estímulo produtivo para que possamos estar à frente no momento da retomada do crescimento”, analisa. Na opinião de Curi, o mercado da habitação é mais forte do que as dificuldades e todos devem encarar o momento como um obstáculo a ser transposto, independentemente do momento político ou econômico. Ele lembra que as crises do setor da construção civil são cíclicas, transitórias e temporais. Todos as vezes que as dificuldades se apresentaram com picos de estagnação do mercado, também foram registrados momentos de sucesso de vendas inesperados. “O fato é que o produto do segmento, diferentemente da indústria de consumo, é produzido a longo prazo no Brasil. Todo empreendimento habitacional ou comercial tem um período médio de gestação e produção de dois anos, o que nos coloca sempre entre picos de consumo e crises econômicas. Outro detalhe é que o nosso sistema financeiro opera com 35 anos de prazo para pagamento, o que ultrapassa qualquer planejamento e gerenciamento de crises”, salienta.Eventos prejudicaramO presidente da Habicamp, Welton Nahas Curi, lembra que o ano de 2014 foi marcado por muito eventos sociais e políticos que trouxeram pouco retorno de produtividade. “Começamos o ano passado com o Carnaval tardio, o que na mente dos brasileiros fez com que as atividades produtivas só tivessem início na segunda quinzena de março. Outra surpresa inesperada e estarrecedora foi a Copa do Mundo, sempre apresentada como um evento que traz progresso e benefícios ao país que sedia o campeonato, mas que no Brasil foi o contrário. Com exceção apenas do setor do turismo, todo o resto parou”, observa. A expectativa de Curi é que este ano seja melhor, apesar de o País enfrentar ajustes econômicos, políticos e sociais. “Creio que faremos uma enorme limonada desse limão, ou seja, isso poderá representar uma renovação moral e ética na nação”, comenta.Valorização Dados do índice da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) para o índice FipeZap utilizados pelo Sindicato da Habitação em Campinas (Secovi-Campinas) apontam que a valorização dos imóveis em 2014 foi de 10,68%. Ou seja, mesmo com tendência de estabilização, os imóveis se valorizaram acima da inflação. “Porém, desde 2010, o mercado estava crescendo em média 25% ao ano. Então, o ano de 2014 caracterizou-se pelo início da acomodação dos preços dos imóveis após um período de expressivas altas”, destaca Rodrigo Coelho de Souza, diretor de Compra e Venda do Secovi-Campinas.   De acordo com ele, é preciso avaliar a demanda de cada região para definir os produtos, uma vez que não existe uma “receita de bolo” para esse mercado. “A região do entorno da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC Campinas), por exemplo, têm carência de unidades de um e dois dormitórios, em decorrência, inclusive, do zoneamento da cidade. Nas regiões periféricas ainda há uma grande demanda por terrenos em loteamentos abertos e casas do programa Minha Casa, Minha Vida”, cita. Souza diz que o importante é que o cenário está favorável a quem deseja adquirir um imóvel por causa da estabilização dos preços. “E, embora estejamos atravessando um momento delicado da macroeconomia, para investidores e quem deseja adquirir um imóvel para moradia ou trabalho podem realizar excelentes negócios”, argumenta. Para ele, com os preços estáveis, o investidor sente mais segurança em sua decisão de compra. Por outro lado, quem deseja comprar um imóvel próprio tem maior poder de barganha e pode realizar bons negócios.Souza lembra, ainda, que a crise econômica e política atinge todos os setores da economia. Porém, historicamente, no longo prazo, o imóvel é o investimento que apresenta o menor risco e a melhor valorização. “Acredito que a tendência do mercado de Campinas para este ano seguirá o cenário de estabilização, mas com crescimento em torno de 7% e 8% nos valores dos imóveis”, analisa.   

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