GASTRONOMIA

Alma de bar, comida de boteco

Concurso: até 5 de maio, a ordem é botecar e eleger o melhor petisco da região; todas as 23 receitas deverão conter mandioca e/ ou linguiça

Érica Araium
erica.nogueira@rac.com.br
14/04/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 20:46

"Buteco, a verdadeira rede social". Foi com esse bem-humorado slogan que a organização do concurso Comida di Buteco anunciou o início da etapa deste ano, que se estende até dia 5 de maio. A ideia é que a clientela percorra as 23 bodegas participantes em Campinas, Sumaré, Hortolândia e Jaguariúna e eleja o melhor tira-gosto. Ou, se quiser, que vá além e explore endereços de outras 15 cidades em que o evento ocorre simultaneamente, entre elas Salvador, São Paulo e Belo Horizonte, onde tudo começou, em 2000.

Para instigar a criatividade dos concorrentes, dois ingredientes emblemáticos, arraigados à identidade brasuca e, portanto, populares, foram definidos como de uso obrigatório na criação de receitas exclusivas: mandioca e/ou linguiça. O desafio foi grande, mas os organizadores asseguram que não houve repetição de quitutes. A regra é novidade para a região, mas em outros municípios a experiência já foi realizada, e com bons resultados. Ano passado, 4 por exemplo, os donos de casas mineiras e seu público redescobriram o queijo minas. Nada mais justo num festival cujo objetivo é resgatar e valorizar a cozinha de raiz.

“Tecnicamente falando, temos uma culinária voltada para o típico, para a comida que tem uma sofisticação subliminar, que está na sua não-sofisticação, no uso do ingrediente regional mais comum, tirando dele o que tem de melhor. No boteco, a cozinha de raiz encontra seu segundo habitat, depois das casas de nossas avós”, avalia o gastrônomo Eduardo Maya, caçador de bares e idealizador do festival. Por ano, ele percorre milhares de endereços em prol da alma de boteco e da gastronomia.

Por que mandioca e linguiça?

“Conhecida também como macaxeira ou aipim, a mandioca é um produto 100% nacional. Nas minhas andanças pelo País, de Norte a Sul, eu a comi de alguma forma. É um produto do Sudoeste da Amazônia e na era pré-colombiana já tinha sido levado por índios para a América Central e outros lugares da América do Sul”, explica Maya (foto).

Já a escolha da linguiça, conta, se deu por se tratar de um produto com raízes históricas muito antigas. “Entendo que o brasileiro tem uma paixão especial pela carne e a linguiça seria uma boa 'escolta' à mandioca como convidada desta edição”, reforça. O gastrônomo informa que, segundo alguns pesquisadores, a linguiça pode ter surgido pela necessidade de preservação de alimentos, mas há diferentes versões para sua origem. Estima-se que o embutido do tipo consumido no Brasil tenha cerca de 800 anos e raízes portuguesas.

A cara do dono

A dinâmica do festival prevê a participação estrita de botecos “espontâneos”. Nada de franqueados e afins. Trocando em miúdos, a organização inclui somente endereços que tenham a cara do dono e seus familiares, administradores do negócio de fato. Algumas bodegas, consideradas tradicionais, passaram de pai para filho, de avô para neto. Outras, contemporâneas, ainda têm de provar que nasceram vocacionadas à alma botequeira ao oferecer boa comida, bom ambiente e breja no ponto.

Nesta edição, a quarta em Campinas, há seis bares estreantes. Um deles é o Bar da Vendinha, ativo desde 1968, famoso pelas porpetas de carne bovina e sob a administração dos sócios Marcelo e Eberton há um ano e meio. “Reformamos a casa, o cardápio e o nosso diferencial é usar somente produtos de qualidade, com preço justo. Quem vier experimentar o petisco e conhecer a casa não vai se arrepender”, convida Eberton.

Já os irmãos Paulinho e Fubá, responsáveis pelo Bar do Nicola, assinam a estreia no Comida di Buteco de forma honrosa. Isso porque o Bar do Nicola está situado no local onde ficava o antigo Bar do Zirillo e o prato criado para a ocasião homenageia a casa antecessora, preservando um pouco da memória botequeira de Campinas.

E por falar em memória... A do Possante Bar, fundado em 1998 e que também debuta no festival, é curiosa. O antigo proprietário, Pedro Carvalho, emprestou à casa o apelido ganho nos tempos em que era garçom no Bar e Restaurante Ideal e fez do corte boca de anjo uma espécie de marca dos lanches campineiros. Pedro Nicola é quem administra a casa atualmente. O Possante, aposentado, virou freguês.

Bar do Zé, Bar do Soares e Bar do Fernando completam o sexteto de novatos na competição. 

Os concorrentes 

1-) Bar da Vandinha: Leitoa à pururuca acompanhada de mandioca cozida (leitoa, alho, cebola, vinagre e limão)

Rua Amilar Alves, 169, Ponte Preta, f. (19) 3243-5811. 

2-) Bar do André Rei do Mé: Rocinha especial (porção de aipim, quatro tipos de linguiça, rúcula, tomate, ovo de codorna e vinagrete. Acompanha pão torrado com azeite português, orégano e creme especial de alho e msotarda)

Rua Maria Soares, 138, Vila Industrial, f. (19) 3272-8536

3-) Bar do Bigodi e da Tia Eli: Almofadinha mineira (bolinho de mandioca recheado com calabresa refogada, mandioca, farinha, caldo Knorr e cheiro-verde)

Rua Sylvio Baratelli, 110, Vila Nova, f. (19) 3243-9294

4-) Bar do Cação: Minerin (empanado de batata e linguiça - batata, farinha de trigo, leite, sal, tempero especial, maionese, ovo, farinha de rosca e queijo)

Avenida Armando Sales de Oliveira, 55, Taquaral, f. (19) 3255-7346

5-) Bar da Cachaça: Croquete de carne-seca com mandioca (mandioca cozida, ovo, margarina, parmesão ralado, cheiro-verde, sal e farinha de trigo)

Rua José Maria Lamaneres, 28, Vila Industrial, f. (19) 3381-2554

6-) Bar do Carioca: Ovo de porca (ovo cozido, farinha de trigo, água, sal, óleo, cebola, linguiça temperada com pimentão vermelho e amarelo, maionese e salsinha)

Rua Erasmo Braga, 1.67, Bonfim, f. (19) 3243-5811

7-) Bar do Fernando: Linguiça Croc (linguiça enrolada com chips de batata)

Rua Heraldo Marques, 5, Chácara da Barra, f. (19) 2121-2766

8-) Bar do Nicola: Linguiça do Zirillo (linguiça portuguesa flambada no álcool com cama de tomates, cebola e salsinha. Acompanha pão)

Rua Dona Maria Umbelina Couto, 644, f. (19) 3203-5909 

9-) Bar do Soares: Lanche do Mané (lanche no pão francês com linguiça de pernil caseira, purê de mandioca e catupiry, queijo fresco minas e almeirão com azeite, com corte boca de anjo)

Rua General Setembrino de Carvalho, 369, Ponte Preta, f. (19) 3772-0446

10-) Bar do Zé: Lanche da Nane (lanche na baguete de linguiça caseira com mozarela e vinagrete)

Rua Alferes Raimundo, 230, Vila Industrial, f. (19) 3272-7275 

11-) Bar Preste Atenção: Casadinho (lanche de pão francês, linguiça caseira, bacon, queijo prato, ovo, provolone, vinagrete e rúcula. Acompanha mandioca frita)

Rua Barão Geraldo de Resende, 52, Vila Itapura, f. (19) 3232-7613

12-) Boteco do André: Coxinha de joelho (coxinha de mandioca recheada com joelho de porco assado e desfiado com provolone)

Avenida Heitor Penteado, 1.049, Joaquim Egídio, f. (19) 3396-5505

13-) Botequim da Estação: Croquete da Roça (croquete de linguiça pura com farinha de mandioca, com molho rosé)

Avenida Marginal, s/nº, Estação da Maria Fumaça, Jaguariúna, f. (19) 3867-1411

14-) Buteco Rancho Vô Joaquim: Bolinho de linguiça com mandioca chips (bolinho de linguiça recheado com milho e queijo, servido com mandioca chips)

Rua Dr. Osvaldo Cruz, 183, Guanabara, f. (19) 3043-1444

15-) Casa do Norte Sampaio: Petisco Sampaio (porção de carne-seca acebolada, mandioca frita e linguiça frita, cobertos com mozarela ralada e vinagrete)

Rua Arnaldo Lopes do Nascimento, 47, Jardim Santa Clara do Lago, Hortolândia, f. (19) 3809-0391

16-) Cultura de Bar: Macaxeira (salgado de mandioca recheado com linguado e camarão)

Rua Dr. Hemilio Henking, 471, Bonfim, f. (19) 8704-7709

17-) Estação Barão: Carroça da Roça (porção mista de linguiças artesanais e bolinhos de mandioca com alho-poró. Acompanha molho à moda da casa). 

Rua Horácio Leonardo, 76, Barão Geraldo, f. (19) 3289-0863

18-) Paella do Chico: Bolinho Surpresa (bolinho recheado com creme de mandioca e linguiça)

Avenida Júlio de Mesquita, 458, Cambuí, f. (19) 3304-1041

19-) Ponto 1 Bar: Meia-lua (pastel com massa de mandioca recheado com linguiça de pernil suíno e queijo. Acompanha molho salsa)

Rua Eduardo Modesto, 54, Vila Santa Isabel, f. (19) 3289-2378

20-) Possante Bar: Dobradinha Possante ( bolinho de mandioca recheado com camarão e catupiry)

Avenida Barão de Itapura, 2.964, Taquaral, f. (19) 3252-2849

21-) Rancho Maria Bonita: Bem Casado (lanche na baguete com pasta de linguiça caseira, tomates e cebolas salteadas com azeite extravirgem, chimichurri, queijo prato e molho especial de maionese. Acompanha chips de mandioca)

Rua Heitor Penteado, 1.099, Joaquim Egídio, f. (19) 3291-6663

22-) Rei do Joelho: Joelhinho e Mandioquinha (porção de joelho de porco com purê de mandioca)

Rua Osvaldo Cruz, 137, Guanabara, f. (19) 3255-2017

23-) Seo Jorge: Escondidinho Português (escondidinho de linguiça portuguesa fatiada com purê de mandioca gratinado com parmesão e maionese)

Avenida Ivo Trevisan, 617, Jardim das Palmeiras, Sumaré, f. (19) 3873-2912

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