CARLO CARCANI

Além do gramado

Carlo Carcani
05/03/2013 às 16:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 02:11

Os números da campanha do Guarani são preocupantes. O aproveitamento no Brinco é de apenas 22,2%, sites de estatística já apontam que o risco de rebaixamento é superior a 70% e as entrevistas são as mesmas de sempre: uns são otimistas, como Branco (“Não tenho dúvidas que vamos tirar o Guarani dessa situação”) e outros são mais críticos, como o goleiro Juliano (“O time foi apático e totalmente desorganizado. Quem quer vencer, não pode jogar assim”). O torcedor do Guarani está cansado de saber o que pode acontecer no final do campeonato porque o roteiro é o mesmo de tantas outras competições.

O problema do Guarani, há tempos, deixou de ser apenas esportivo. Não se trata de um problema simples como o “time desse ano não encaixou e pode cair”.

O problema do Guarani, gravíssimo, é estrutural. A dívida é o coração da crise e deve ser atacada sem trégua. No momento, vejo a negociação do patrimônio como a solução mais viável, desde que o negócio seja muito bem conduzido. É preciso não apenas conquistar a estabilidade econômica, como também garantir rendimentos vitalícios ao clube, com participação nos lucros dos empreendimentos que serão construídos no entorno do Brinco de Ouro.

Essa questão é a mais importante do que qualquer outra coisa porque a dívida engessa o clube, dificulta a negociação com parceiros, gera mais dívidas, provoca atrasos no salários e, claro, pode provocar a perda de patrimônio.

Não há comparação entre a importância da dívida e de todos os outros problemas, mas ainda assim é fundamental que o clube seja capaz de evitar um novo rebaixamento, o que seria desastroso em termos financeiros e mais um doloroso golpe na autoestima do torcedor.

O elenco tem suas limitações, mas é capaz de terminar a fase de classificação entre os 16 primeiros. Talvez seja a hora de Branco montar um time um pouco mais ofensivo, com dois meias. Compreensível que no início de seu trabalho, com o elenco sendo remontado e a parte física abaixo do ideal, ele tenha optado por “fechar a caixinha”, ora com três zagueiros, ora com três volantes.

O Guarani precisa somar algo entre 10 ou 12 pontos nos nove jogos restantes para escapar da Série A2. Para alcançar essa marca, terá de vencer alguns adversários, ser superior a eles. Se priorizar a marcação e finalizar poucas vezes, como aconteceu na derrota de domingo para o Mogi Mirim, as chances de sucesso serão ainda menores. Os problemas do Guarani, repito, estão muito além do gramado, mas é importante que Branco e seus atletas consigam dar uma força à diretoria e evitar um novo sofrimento da torcida.

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