São abandonados, usados para rinhas, amarrados para servirem de guarda e acusados de violentos; problema, entretanto, é na maneira como são criados, ensina especialista
Zeus em Barão Geraldo, no dia em que foi resgatado pelo grupo Amor de Bicho de Campinas (Amor de Bicho )
Além dos casos de abandonos e maus-tratos, há ainda mais um obstáculo que os pit bulls têm que enfrentar: o preconceito para serem adotados. “A raça é muito estigmatizada. Eles são abandonados direto, são usados para rinhas, são amarrados para servirem de guarda. E existem locais em que as pessoas quando os veem soltos começam a bater, jogar pedra, tamanha a ignorância das pessoas”, pontua a protetora Ana Carolina Pimenta (foto à dir.), fundadora do grupo de proteção animal Amor de Bicho, de Campinas, que está com dois pits há 3 meses em busca de adoção. Em relação à índole da raça, a médica-veterinária Viviane Oliveira, da Clínica Late & Mia, também de Campinas, ensina que: “qualquer animal, mesmo sendo manso, ataca quando se sente ameaçado. E no caso dos pit bulls não é diferente. Mas, o que os diferencia dos outros é que o massetter (músculo da mandíbula) deles é maior e mais forte. Por isso, quando quando um pit bull morde, ele machuca de verdade”.Quanto ao estigma de violento, a veterinária (foto à esq.) observa que: “essa história de que o pit é um cão malvado não é verdade. Tudo depende da criação que ele teve. O problema não é o animal, mas o que fazem com ele. Se for estimulado a ser agressivo, se for mau-tratado, é óbvio que será violento. Mas isso, não é devido à raça. É dado às más condições que sofreu. E o perigo, nesses casos, é que como eles são muito fortes e ágeis, ataques contra seres humanos podem ser fatais”. Em busca de um larHoje, o Amor de Bicho tem duas pits para adoção. Olívia (foto abaixo) - que vivia presa em uma casa em Hortolândia e que foi resgatada raquítica, com a doença do carrapato - e Preta - que vivia com um andarilho em uma estrada de Paulínia. Ambas passaram por tratamento veterinário e estão saudáveis. “Essa raça meio que me fascina por ser fisicamente tão forte e, ao mesmo tempo, tão doce e fiel”, derrete-se Carolina, que abriga Preta (foto à dir.) em casa. Para mantê-las, assim como manter os demais 50 cães que o grupo tem hoje, o Amor de Bicho conta com doações. “Temos uma dívida de R$ 4 mil na clínica Estimma, e precisamos de ração”, afirma a fundadora. A fim de levantar recursos, está fazendo uma rifa, que custa R$ 5 o número. A prenda é um tablet de 7'' da CCE. Quem quiser participar deve entrar em contato com Marina Calça, pelo Facebook. Foto: Amor de Bicho O antes (à esq.) e o depois de Olívia, resgatada em Hortolândia Final FelizZeus é uma dos pits que já sofreram muito, mas que tiveram um final feliz. “Os maus-tratos que ele sofreu foram um dos piores que eu já vi”, conta Carolina. O caso já faz dois anos, mas me marcou muito. Felizmente, hoje está muito feliz”, completa a protetora. Zeus tinha tutor e morava em Barão Geraldo, em meio às próprias fezes (foto abaixo). “Vivia amarrado de tal forma que não conseguia se deitar para dormir. Era pele e osso. Tomava água e comida ração velhos, e a cena era desesperadora”, lembra Carolina. “O cachorro parecia bravo, rosnava e tivemos que por focinheira pra fazer o resgate”. Foi levado à veterinária, onde foram constadas doença do carrapato e forte anemia. “Então, eu o levei pra minha casa e comecei o tratamento. Só que a minha própria família disse que não queria um pit bull em casa, e foi a maior briga". No fim, após recuperar-se, Zeus conseguiu ser adotado por uma família de Jaguariúna (foto à dir.). O cachorro chegou a ser atacado por abelhas, teve hemorragia e choque anafilático. Mas, de tão forte, não morreu. Um outro cão, que estava com ele, infelizmente não conseguiu resistir às picadas. Foto: Amor de Bicho Zeus, em meio a suas própria fezes, no dia em que foi resgatado em Barão Geraldo pela protetora Carolina