Poderia escrever aqui que o futebol é a maior dança do mundo. Falaria dos gols magistrais do ainda menino Pelé, dos dribles do também ainda menino Garrincha, em campos nacionais e internacionais. Quem já viu Reinaldo amansar uma bola no peito e emendar de primeira sabe do que estou falando. Já vi Bruninho, dentro da pequena área, ajeitar a bola, de calcanhar, para Pitico e assim a tranquilidade atingia a sua suprema elegância, algo que só se repetiria décadas depois com Oscar e Pollozi. Claro que a minha pequena alma é uma devota ponte-pretana, coisa que nunca neguei e jamais negligenciei. Mas falo aqui de futebol, daquela ginga de tirar o fôlego de qualquer torcedor, sem replay, apenas com a sua bunda grudada no cimento da arquibancada, não acreditando no que seus olhos viram. Não há mais nada disso. E a isso me refiro à vergonha da Seleção Brasileira eliminada da Copa América. E tanto me faz se todas as instituições do futebol, federações regionais, estaduais, as confederações nacionais e internacionais são covis de cartolas e empresários safados, dessa gente que se aproveita do menor vacilo das leis para quebrar a paixão de bilhões de torcedores. Não é hora de fazer poética futebolística. A canalhice do mundo da bola está aí e bem sabemos que ela já vem quicando na área da Justiça e nenhuma autoridade a enfia nas redes da penitenciária – se bem que algumas dúzias de safados da Fifa, CBF e outras confederações internacionais estejam detidos provisoriamente em elegantes celas suíças. Se antes não era hora de fazer poesia para o grande circo do futebol, muito menos agora com a desclassificação do selecionado brasileiro da Copa da América. E vieram desculpas de uma virose de quinze jogadores do elenco. Isso depois da derrota. Por que não falaram antes do jogo? Transparência, eis o nome da coragem profissional. E o que resta é isso que em todos os cantos brasileiros se discute: cadê o velho talento e competência da Seleção Brasileira, do amor à camisa, do compromisso com a alegria nacional, do bom e alegre futebol brasileiro? Virose. Egos. Sonegação de impostos. Lavagem de dinheiro. Safadeza. Corrupção. Alguma diferença? E o resultado está nos sete a um que levamos dos alemães e, agora, na eliminação da Copa América diante do bravo Paraguai. Dunga e Thiago Silva, por exemplo, confessaram suas incompetências no divã da imprensa esportiva. Resguardo-me. E vou me preparar para ver a Seleção suar para conseguir uma vaga na próxima Copa do Mundo. Mas não com esse timeco, é claro.