Parece ser muito, mas para a parte subserviente da Câmara Municipal de Ribeirão Preto, não é. Com a retirada de duas assinaturas de um requerimento para a constituição de Comissão Especial de Estudos (CEE) para analisar os números e o sistema operacional do Daerp, não haverá sequer discussão do assunto. Os governistas o mataram no ninho. Não foi a primeira vez. No ano passado também se impediu que qualquer levantamento fosse feito. Ora, se há tanto medo, é para desconfiar de coisa errada por aqueles cantos da administração municipal. E os governistas se esmeram em explicações, dizendo que não votaram contra. Claro que não votaram contra. Eles nem permitiram a votação. Com desculpas que não convencem, disseram que uma CEE já foi elaborada e encerrada. Quem olhar os objetos das duas verá que não há coincidência. São totalmente diferentes. Mas na ânsia de obedecer ao governo, deixam mais uma vez o papel da fiscalização de lado. Assim como dezenas de outras vezes. E as justificativas pegam governos anteriores, datas distantes. É claro que a administração teve problemas em outras gestões. Mas para que parem de servir de desculpas, talvez fosse o caso de uma investigação mais profunda, com a punição dos responsáveis. Que se instale então uma Comissão parlamentar de Inquérito (CPI) do Daerp que atinja as administrações anteriores. O que não pode é utilizar erros do passado para se perpetuar desmandos do presente que ocorrerão também no futuro.
DISCUSSÃO ESTÉRIL
Sem as tais duas assinaturas, retiradas pelo vereador Waldyr Villela (PSD) e pela vereadora Viviane Alexandre (PPS), o que se viu na sessão de terça-feira (9) foi um desfile de vereadores à tribuna para discutir o que nem havia para ser discutido. Não havia projeto em votação porque a maioria quer mesmo, aparentemente, apenas votar projetos do Executivo. Chega a ser difícil de acreditar em tais comportamentos. Mas eles existem.
TRAIÇÃO?
O autor do requerimento da CEE, Maurício Gasparini (PSDB), disse ter sido traído pelos vereadores que retiraram suas assinaturas. Na verdade a busca de apoio ocorreu de forma errada. Tivesse ele pedido apoio da base aliada, poderia pelo menos acusar os colegas de resistência ao projeto. Mas ele não tinha procurado a todos e, logo, ficou na mão.
RASTEIRAS
Foi então que o vereador Samuel Zanferdini (PMDB) o alertou que na Câmara é comum a existência de tapetes puxados, de rasteiras colegas. Falou até em “apropriação” de ideias para projetos, dizendo não ser bom comentar uma futura iniciativa pelos corredores, porque ela poderá cair nas mãos de outros. O único a reagir foi Beto Cangussú (PT) que disse não fazer parte do tal time da rasteira.
OUTRA CEE
Já uma CEE que pode não interferir em nada nos trabalhos da Administração Municipal foi aprovada com louros e elogios. A Comissão, proposta por Rodrigo Simões (PP), vai analisar e buscar soluções para as praças da cidade. Neste caso a maioria dos vereadores foi à tribuna parabenizar a iniciativa e se colocar à disposição. Desde que não seja para incomodar.
CONVÊNIO
Foi então que o vereador Bebé (PSD) anunciou que a Prefeitura fará um convênio com o governo estadual para contratação de pessoas para cuidarem das praças. Mas vejam só. Se do Orçamento de quase R$ 2 bilhões não sobram recursos nem para cuidar de praças, os vereadores precisam ter outra preocupação. Saber como são aplicadas as receitas da Administração Municipal. Olho vivo senhores.