CAMPINAS

Agressão a mulher tem 16 denúncias por dia

Número é relativo às ligações feitas ao serviço 180 no primeiro semestre

Luciana Félix
14/09/2013 às 13:46.
Atualizado em 25/04/2022 às 02:25
Rosângela Rigo, da secretaria nacional, fala sobre os dados na Câmara ( Dominique Torquato/AAN)

Rosângela Rigo, da secretaria nacional, fala sobre os dados na Câmara ( Dominique Torquato/AAN)

O telefone 180, que acolhe denúncias de violência contra a mulher em todo Brasil, recebe uma média de 16 ligações por dia de casos que ocorreram na Região Metropolitana de Campinas (RMC). O dado é relativo ao primeiro semestre deste ano (janeiro a junho). Não há dados regionais anteriores para comparação. Ao todo, foram 2,9 mil chamadas à Central de Atendimento à Mulher no período. Campinas é o município com mais casos. Foram 2.066 registros (quase 60%), seguido por Hortolândia, com 195 telefonemas; e Sumaré, 191. Holambra e Santa Bárbara d’Oeste não tiveram nenhuma denúncia. O levantamento leva em conta telefonemas reais. Foram descartados trotes e informações falsas. Pelo serviço, as vítimas são orientadas a como recorrer à polícia num caso de violência. O levantamento foi feito pela Secretaria de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres da Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), do governo federal. Ele apontou também quais são os tipos de violência mais frequentes denunciados pelas ligações. A violência física lidera com a maioria absoluta (55%) na estatística na RMC. Ontem, a Polícia Civil de Campinas prendeu o pedreiro Tiago da Silva, de 25 anos, assassino confesso da namorada Inaiara da Silva Xavier, de 25 anos. O crime ocorreu na semana passada no Jardim Campo Belo 2 e foi motivado por ciúmes. Ele a matou a pedradas. A violência psicológica foi denunciada por 29% das mulheres que ligaram pedindo ajuda. E, a moral, teve 10% das ligações. Ainda segundo os dados, 83,8% dos telefonemas indicam que a vítima tinha uma relação afetiva com o agressor, que é uma pessoa próxima. Já 10% têm envolvimento familiar (pai, irmão, cunhado, entre outros) com o agressor. Os números foram apresentados ontem pela secretária adjunta da SPM, Rosângela Rigo. Ela participou de um debate sobre políticas públicas para mulheres na Câmara de Campinas. A secretária anunciou que o “Ligue 180” vai deixar, até o final do ano, de ser um serviço de orientação e encaminhamento de mulheres vítimas da violência e passará a atuar como um “disque-denúncia”, tendo conexão direta com a Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). “Com isso, ganhamos agilidade na busca pelo atendimento e acolhimento. A mulher violentada deixará de ligar para a PM e passar, novamente, por todo aquele processo doloroso. Nós faremos isso por ela. Além disso, conseguiremos instaurar um número maior de medidas de proteção por meio da Lei Maria da Penha”, afirmou. A secretária considera que os números divulgados pelo levantamento ainda estão abaixo da realidade. “Os números da violência real são muito maiores. Por isso é necessário divulgar esse número. Com ele conseguimos atuar melhor. Até cárcere privado e tráfico de pessoas conseguimos detectar por meio desse serviço. Este ano, junto com a Polícia Federal, duas quadrilhas de tráfico de mulheres foram desmanteladas na Espanha. Por isso é tão importante divulgar. Isso é papel do município”, afirmou. O vereador Carlão do PT, organizador do debate na Câmara, afirmou que vai propor que a Prefeitura realize uma campanha publicitária de divulgação do “Ligue 180”. Ele afirmou que vai estudar a possibilidade de formalizar a proposta por meio de projeto de lei. ConvênioNa RMC somente o município de Hortolândia mantém convênio com a secretaria nacional. Campinas deixou de ter em 2010. “Está disponível e é acessível a todos os municípios, desde que atendidos os pré-requisitos e que não estejam inadimplentes com o governo federal. As cidades é que apresentam os projetos.” No Estado de São Paulo, o investimento da SPM foi de R$ 10 milhões entre 2010 e 2012.

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