O Teatro São Pedro estreia nesta sexta-feira, 18, uma nova produção da ópera Fidelio, a única escrita por Beethoven, a partir de texto de Jean-Nicolas Bouilly - promotor público do Tribunal Revolucionário de Tours, ele escreveu sobre episódios vividos na França durante o Terror, no final do século 18.
Na trama, Leonore se traveste de homem (Fidelio) para tentar resgatar Florestan, seu amante, que é mantido como preso político. A direção musical do espetáculo, que tem a soprano Eiko Senda e o tenor Eric Herrero no elenco, é de Claudio Cruz. William Pereira assina a direção cênica e Ligiana Costa, o dramaturgismo.
OPRESSÃO
"Em Fidelio, Beethoven nos lembra que a liberdade e a Justiça não são meras abstrações; elas são conquistas diárias que exigem coragem, ética e a força do amor como instrumento de redenção", diz Pereira, para quem a obra transcende o período em que a ação se passa originalmente. "O que fazemos quando o poder oprime? Como manter a fé no humano em tempos sombrios?"
Pereira não atualizou a trama ao desenhar sua produção. Em vez disso, preferiu colocá-la em um espaço atemporal, "uma prisão política que poderia estar em qualquer lugar do planeta". "Ao conectar o século 18 ao 21, buscamos ampliar o alcance simbólico desse drama. O sofrimento e a esperança dos personagens ecoam nos conflitos contemporâneos, desde campos de refugiados até celas onde a dissidência ainda é punida", diz.
"Montar Fidelio hoje é mais do que revisitar um clássico; é resgatar Beethoven como uma voz que denuncia as tiranias e reivindica o direito à liberdade em um mundo constantemente ameaçado pela opressão."
Fidelio
Teatro São Pedro. R. Barra Funda, 171. Dias 18, 20, 23, 25 e 27. 4ª e 6ª, 20h; sáb., 20h, dom., 17h. R$ 41/R$ 127
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.