Os juros futuros fecharam o dia em queda firme. O estopim para a melhora veio do alívio tarifário anunciado pelo presidente para o setor de tecnologia, que vai ajudar especialmente a economia da China, e à tarde, o Federal Reserve enviou sinais "dovish" ao mercado sobre a política monetária, ampliando o apetite ao risco.
No fechamento, algumas delas já oscilavam abaixo dos 14%, caso da do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2028, que terminou na mínima de 13,95%, de 14,18% no ajuste anterior. A do janeiro de 2026 encerrou em 14,68%, de 14,75% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2027, em 14,16%, de 14,35% no ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2029 caiu de 14,26% para 14,02% (mínima).
Após encerrarem a semana passada com acúmulo de prêmios, a curva de juros se ajustou em baixa com a decisão de Trump de isentar smartphones e uma série de dispositivos eletrônicos das tarifas recíprocas, via impacto de queda nos juros dos Treasuries e enfraquecimento generalizado do dólar. Como a maioria dos itens é produzida/montada na China, a medida, em tese, deve reduzir o impacto do tarifaço dos EUA sobre a atividade no país asiático, que é grande destino das exportações do Brasil. Ajudou ainda a alimentar o apetite pelo risco o avanço no volume de empréstimos na China em março, lido como resposta aos estímulos do governo.
No começo da tarde, as taxas chegaram a reduzir ligeiramente a queda após a pesquisa Expectativas dos Consumidores do Federal Reserve de Nova York mostrar alta nas estimativas de inflação de um ano. Posteriormente voltaram a cair com força, acompanhando a renovação das mínimas dos yields dos Treasuries na esteira das afirmações do diretor do Fed Christopher Waller, de que pode apoiar antecipação dos cortes de juros e até uma extensão maior da flexibilização monetária, se houver uma recessão nos Estados Unidos. No fim da tarde, a taxa da T-Note de dez anos cedia aos 4,37% e o dólar por aqui rodava nos R$ 5,85.
Resta saber qual será a resposta do Copom ao ambiente externo. Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, afirma que com a reunião de maio se aproximando o mercado ainda não chegou a um consenso sobre o quão menor será a magnitude de alta indicada pelo Copom para a decisão. De todo modo, apesar das expectativas de inflação ainda desancoradas, a percepção é de menor pressão sobre os diretores. "Mas dificilmente vão conseguir fechar a porta totalmente", pondera.
Por ora, o quadro das medianas de IPCA no Boletim Focus segue quase sem mudanças. A expectativa de inflação suavizada nos próximos 12 meses caiu pela nona semana consecutiva, de 5,07% para 5,01%, o que é sinal de alívio, enquanto as demais não recuaram. Mas ao menos não mostraram piora, estabilizadas ainda longe dos 3%. Para 2025, permaneceu em 5,65% e para 2026 continuou em 4,50% - colada ao teto da meta -, pela terceira semana seguida.
As previsões de Selic seguiram estacionadas em 15% (2025) e 12,5% (2026) no Focus. Na curva a termo, a precificação para o Copom de maio era de alta de 44 pontos-base, seja 76% de chance de alta de 0,5 ponto e 24% de chance de 0,25 ponto. A taxa terminal projetada era 14,90% e para o fim de 2025, 14,70%, indicando probabilidade de o Copom iniciar um ciclo de queda ainda este ano. Já tem precificação de cortes de 6 pontos em novembro e 12 em dezembro", afirma o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano.