Esportes

Procuradoria do STJD pede inquérito sobre injúria racial denunciada por Edenílson

Estadão Conteúdo
17/05/2022 às 14:58.
Atualizado em 17/05/2022 às 15:03

A Procuradoria da Justiça Desportiva pediu, na noite de segunda-feira, a abertura de um inquérito para apurar a injúria racial denunciada pelo volante Edenílson no último sábado, durante o empate por 2 a 2 entre Internacional e Corinthians, no Beira-Rio. O jogador relatou ter sido chamado de "macaco" por Rafael Ramos, lateral-direito do time paulista.

Anunciada nesta terça-feira em nota oficial publicada no site do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), a solicitação de inquérito já foi encaminhada a Otávio Noronha, presidente do órgão. De acordo com o STJD, o caso exige uma análise minuciosa dos acontecimentos.

"Ante à possibilidade da oitiva de mais depoimentos, bem como a reunião de novos documentos e mídias que corroborem com o depoimento do atleta EDENILSON, em respeito à causa antirracista e à condução isenta dos procedimentos neste STJD, em especial por esta Procuradoria, faz-se necessária a apuração detalhada da prática da referida e repudiável conduta discriminatória", diz o pedido.

Ao fim da partida de sábado, Edenílson registrou um Boletim de Ocorrência contra Rafael Ramos ainda no Beira-Rio. Por isso, o jogador português foi detido no posto policial do estádio e prestou depoimento, mas acabou liberado após pagamento de fiança.

Em breve contato com a imprensa, disse que "foi apenas um mal entendido" e revelou ter conversado com Edenílson. Segundo o lateral, o volante do Inter teria entendido errado a palavra que ele falou. Quando Edenilson se manifestou, contudo, foi para confirmar sua versão do fato e para dizer que a denúncia estava mantida.

Com o pedido da abertura de inquérito, os dois jogadores devem ser ouvidos novamente, assim como o árbitro Bráulio Machado e os auxiliares Alex dos Santos, Thiago Americano Labes e Lucas Guimarães Rechatiko Horn. Além disso, haverá análise dos áudios captados pelos microfones da equipe de arbitragem e pelos veículos de comunicação.

"A Procuradoria entende que os fatos devem ser analisados com maior profundidade para que se prossiga com as medidas adequadas e apropriadas para a situação", diz outro trecho do texto. "A Procuradoria destacou ainda que repudia qualquer tipo de ato discriminatório, assim como reforça que injúria racial é crime e se une a todos os clubes, Federações e atletas que buscam um futebol mais justo e igualitário", completou.

Rafael Ramos pode ser enquadrado no artigo 243-G do Código brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD): "Praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência". A punição pode ser de suspensão por até 360 dias e de multa de R$ 100 a R$ 100 mil.

O caso já está sendo investigado pela Polícia Civil, que colheu depoimentos dos envolvidos no mesmo dia do ocorrido. Na segunda-feira, foi informado que Rafael Ramos seria alvo de um inquérito policial e que a delegada Ana Luiza Caruso, da 2º Delegacia de Porto Alegre, solicitou uma perícia de leitura labial.

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