Enquanto aguarda um veredicto sobre o "julgamento do século" e as 115 acusações de violação das regras de Fair Play Financeiro da Premier League, liga que organiza o Campeonato Inglês, o Manchester City pode ter uma vitória em paralelo sobre a competição. Isto porque, há dois meses, o clube conseguiu vitória no processo contra as regras para Transações entre Partes Associadas (APT). Agora, busca uma compensação de 10 milhões de libras (cerca de R$ 75,3 milhões) pelas custas processuais.
Desde junho, o City tenta pôr fim às regras da APT e processa a Premier League, no que considera uma discriminação contra os proprietários do Golfo. Desde 2009, o clube tem o xeque Mansour, membro da família real dos Emirados Árabes Unidos, como proprietário, liderando o City Football Group, conglomerado de times sob o guarda-chuva de Abu Dabi.
Em fevereiro, o tribunal decidiu que as regras criadas pela Premier League para manter a competitividade, impedindo que os clubes inflacionassem acordos comerciais com empresas vinculadas aos seus proprietários, eram "nulos e inexequíveis". De acordo com o jornal The Times, o City irá buscar uma compensação com as custas processuais da primeira parte desta ação.
Para a Premier League, o montante - que ainda não teve seu valor definido - pode chegar a 20 milhões de libras (R$ 150,6 milhões), sendo que metade deste valor seria a respeito da quantia devida ao Manchester City. Antes da primeira decisão da Justiça britânica, a liga tentou endurecer as regras da APT, e contou com o apoio de 16 dos 20 clubes da primeira divisão - apenas Aston Villa, Newcastle e Nottingham Forest foram contra.
O objetivo da Premier League é impedir a inflação de contratos de patrocínio dos clubes ingleses. Além do Manchester City, o Newcastle, que recebeu investimentos do Fundo de Investimentos Público da Arábia Saudita (PIF, na sigla inglês), também esteve na mirada da liga ao longo dos últimos anos.
A tendência é que novas oitivas sejam conduzidas ao longo dos próximos meses, para determinar quem será responsável por arcar com as custas processuais. Simultaneamente, o Manchester City também acusa a Premier League de dar aos clubes rivais, como o Arsenal, uma vantagem injusta ao tratar empréstimos de acionistas de forma diferente de outros acordos de patrocínio com entidades comerciais vinculadas aos proprietários dos clubes.
Este processo contra a Premier League é diferente daquele no qual o City é acusado de quebrar mais de 115 regras de Fair Play Financeiro, entre 2009 e 2018, e cujas audiências se iniciaram em setembro de 2024. Uma decisão pode ser publicada até junho deste ano e, caso o City seja condenado, pode chegar a ser expulso da liga ou perder pontos, caso seja mantido na competição.