O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira, 3, que o Brasil vai defender o ministro Alexandre de Moraes e o Supremo Tribunal Federal (STF) de ações do governo dos Estados Unidos. Lula ainda criticou a atuação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no país para pedir "intervenção na política brasileira". Para ele, a ação é "terrorista".
"É inadmissível que o presidente de qualquer país do mundo dê palpite sobre a decisão da Suprema Corte de outro país", afirmou Lula. "Se você concorda ou você não concorda, silencie, porque não é correto dar palpite, ficar julgando as pessoas", disse o presidente.
Lula declarou que os Estados Unidos precisam respeitar a integridade das instituições dos outros países. "Um país não pode ficar se intrometendo na vida do outro, punindo o outro. Isso não tem cabimento. Por enquanto o que nós temos é fala de pessoas. Mas pode ficar certo de que o Brasil vai defender não só o seu ministro, mas também a Suprema Corte", afirmou.
'Lamentável'
Lula classificou como "lamentável" a presença do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos Estados Unidos. Eduardo se licenciou da Câmara em março e se mudou para o país em busca de "sanções aos violadores dos direitos humanos".
"Isso, sim, é desrespeito ao Brasil. Isso, sim, é provocação", disse Lula, voltando a criticar o ex-presidente pelos seus ataques à Justiça Eleitoral. "Bolsonaro não nega os votos que os filhos dele receberam, só os dele", completou.
No último domingo, 1º, o presidente já havia comentado as iniciativas do governo Donald Trump contra Moraes, no 16.º congresso do PSB.
"Você veja, os Estados Unidos querem processar o Alexandre de Moraes porque ele está querendo prender um cara brasileiro que está lá nos Estados Unidos fazendo coisa contra o Brasil o dia inteiro. Ora, que história é essa de os Estados Unidos quererem criticar alguma coisa da Justiça brasileira? Nunca critiquei a Justiça deles. Eles fazem tanta barbaridade, tantas guerras, eu nunca critiquei", disse Lula.
Alvo
Moraes se tornou um dos alvos do governo Trump após decisões do magistrado brasileiro que afetaram plataformas digitais sediadas nos Estados Unidos e aliados da Casa Branca, como Elon Musk, dono do X (antigo Twitter). O secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou que "há uma grande possibilidade" de o ministro ser alvo de sanções.
Além disso, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos enviou uma carta a Moraes, em resposta à ordem do magistrado para que a rede social americana Rumble bloqueasse os perfis do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos.
A informação foi divulgada na semana passada pelo jornal The New York Times, que teve acesso ao documento.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.