Economia

Gripe aviária no Sul faz China e UE suspenderem importações do Brasil

Estadão Conteúdo
17/05/2025 às 07:07.
Atualizado em 17/05/2025 às 07:14

A confirmação da ocorrência de um foco de gripe aviária (H5N1) em um granja comercial no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, levou à suspensão temporária das exportações brasileiras de carne de frango para a União Europeia (UE) e para China. Um segundo foco ainda foi detectado no Zoológico de Sapucaia do Sul, a cerca de 50 quilômetros dali, também na Grande Porto Alegre.

De acordo com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a suspensão de importações é automática e está prevista nos protocolos de exportação de frango acordados entre o Brasil, o bloco europeu e a China.

A União Europeia está entre os dez principais destinos do frango brasileiro. As exportações de frango para o bloco respondem por cerca de 7% de todo volume vendido no exterior pelo Brasil. Em 2024, os embarques de carne de frango para os 27 países da União Europeia somaram 229,984 mil toneladas, movimentando US$ 655,3 milhões.

A China, que compra 10,89% de toda a carne de frango que o Brasil exporta, também suspendeu, por até 60 dias, as importações do produto.

"Para a China e a comunidade europeia, restringe-se (as compras de carne de frango) para todo o Brasil temporariamente", confirmou o ministro da Agricultura.

Este é o primeiro registro de H5N1 em sistema comercial no Brasil, embora desde 2023 o vírus já tenha sido identificado em aves silvestres. Segundo Fávaro, desde a descoberta daquele ano, o ministério intensificou a revisão dos protocolos com os importadores. "Com alguns países, ainda não foi concluído. É possível que consigamos essas mudanças, comprovando que outras regiões (do País) não têm risco de foco e, com isso, liberação dos embarques das demais regiões", disse ele, ao Estadão/Broadcast.

Entre os países que já revisaram seus protocolos com o Brasil estão o Japão, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes e a Argentina e hoje limitam as restrições apenas ao estado ou ao município afetado. "No caso do Japão, por exemplo, que compra do Brasil 70% da carne de frango que importa, as exportações seguirão normalmente, com exceção dos produtos originados do município de Montenegro (RS)", explicou Fávaro, observando que o Brasil ainda negocia a regionalização do protocolo com o bloco europeu para que a suspensão de exportações seja restrita à região do foco detectado, em um raio de 10 quilômetros, ou ao Estado.

Portanto, além do Japão, Reino Unido, Emirados Árabes e Arábia Saudita devem suspender apenas a compra de frango de produtores gaúchos, segundo Fávaro. A Argentina, no entanto, anunciou ontem que suspendeu todas as importações de carne de frango do Brasil.

A expectativa do ministério, segundo Fávaro, é de que outros países flexibilizem o protocolo de regionalização de gripe aviária, restringindo os embargos à área do foco detectado, mesmo com as ações em curso.

Reação

Desde a confirmação do foco de gripe aviária na granja de Montenegro, na quinta-feira, o governo atua em duas frentes: em medidas sanitárias a fim de evitar a proliferação da doença em outras granjas comerciais, e na frente comercial, buscando restabelecer o mais rápido possível os fluxos de distribuição do produto.

Segundo o ministro, os bloqueios devem desencadear uma redução no volume de carne de frango exportada, favorecendo o mercado interno. Além disso, ele acredita em impacto nos preços dos ovos. "O fato real é que, com a diminuição das exportações, teremos uma oferta com excesso por um pequeno período - é importante dizer que o Brasil exportava só 0,9% da produção de ovos. Mas, com certeza, em termos de carne de frango, teremos uma oferta mais abundante no Brasil, que pode pressionar os preços um pouco para baixo."

Para os especialistas, o caso da granja gaúcha deve ter efeito limitado. "Diferente do mercado de boi, o de frango é mais pulverizado e atende a mais países e as medidas de restrição variam conforme o protocolo com cada nação", diz o CEO da Scot Consultoria, Alcides Torres, observando que o ciclo produtivo das aves é outro ponto favorável. "Enquanto um boi leva de três a cinco anos para chegar ao abate, um frango é produzido em 40 a 45 dias.".

Este é o primeiro caso da doença identificado no sistema de produção comercial do País. A contaminação foi confirmada na noite de quinta-feira, 15, em uma granja de produção de ovos férteis de aves em Montenegro, cidade da Região Metropolitana de Porto Alegre. Segundo a Agricultura, a granja foi isolada, as aves do plantel imediatamente sacrificadas e todo o sistema comercial da região passou a ser monitorado. Além disso, todo o fluxo comercial da granja foi rastreado e os ovos fertilizados inutilizados.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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