Internacional

Disputa por herança acaba em despejo de 'princesa' de vila com teto pintado por Caravaggio

Estadão Conteúdo
20/04/2023 às 16:34.
Atualizado em 20/04/2023 às 16:43

A socialite americana Rita Carpenter, que se autodenomina princesa depois de ter se casado com um aristocrata italiano, empilhou seus quatro cachorros em um táxi nesta quinta-feira, 20, depois de ser despejada, após uma amarga disputa de herança, de uma vila histórica em Roma, capital da Itália, que contém o único teto conhecido pintado pelo mestre do barroco italiano, Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571-1610).

A autodenominada princesa Rita Jenrette Boncompagni Ludovisi, nascida Rita Carpenter, abandonou o Casino dell'Aurora perto da elegante Via Veneto, um dos setores mais nobres da capital italiana, horas depois que a polícia chegou para cumprir uma ordem de despejo ordenada pelo tribunal. Antes mesmo de ela sair, um chaveiro trocou as fechaduras da grande porta verde da frente.

Sua saída dramática - um dos cães escapou brevemente enquanto ela falava com jornalistas na rua - culminou em uma notável novela de anos de uma das famílias aristocráticas de Roma. Os Boncompagni Ludovisi atraíram atenção devido a disputa pela herança do aristocrata Nicolo Boncompagni Ludovisi, que morreu em 2018 e se autodenominava príncipe ao leilão ordenado pelo tribunal de sua famosa villa no coração de Roma.

O Casino dell'Aurora, também conhecido como Villa Ludovisi, pertence à família Ludovisi desde o início do século XVII. A villa tornou-se objeto de uma disputa de herança entre os filhos de Nicolo Boncompagni Ludovisi seu primeiro casamento e sua terceira esposa.

Os filhos argumentaram que a casa, construída em 1570, pertence a eles, que seu avô pretendia que eles a herdassem e que seu falecido pai administrou mal sua fortuna. Eles montaram uma campanha legal para obter o controle da propriedade para que ela pudesse ser vendida.

O capítulo mais recente da saga ocorreu em janeiro, depois que a juíza de Roma, Miriam Iappelli, emitiu uma ordem de despejo, acusando a princesa de ter violado uma ordem anterior que a proibia de realizar visitas guiadas à propriedade.

Rita Boncompagni Ludovisi disse que os passeios eram necessários para arrecadar dinheiro para manter a vila. Além disso, o juiz considerou que a princesa não conseguiu manter a casa em "bom estado de conservação" depois que uma parede externa desmoronou.

Um dos herdeiros, o autodenominado príncipe Bante Boncompagni Ludovisi, esteve na quinta-feira na villa para assistir "aquela mulher", como ele se refere à viúva de seu pai, deixar a propriedade.

"Esta casa precisa de reformas. As tubulações de água precisam ser restauradas e os afrescos estão em perigo", disse ele a repórteres.

Propriedade foi colocada em leilão no ano passado

A villa foi colocada em leilão judicial no ano passado como parte da disputa de herança e recebeu um valor avaliado pelo tribunal de 471 milhões de euros (US$ 533 milhões), em grande parte devido ao Caravaggio. Depois que o lance mínimo de 353 milhões de euros (US$ 400 milhões) não conseguiu nenhum comprador no primeiro leilão, o preço foi baixado progressivamente em uma série de sucessivos leilões, com mais programados até que um comprador seja encontrado.

O teto de Caravaggio enfeita uma pequena sala de uma escada em espiral no segundo andar. Foi encomendado em 1597 por um diplomata e patrono das artes que pediu ao então jovem pintor que decorasse o teto da pequena sala que servia de atelier de alquimia. O mural de 2,75 metros de largura, que retrata Júpiter, Plutão e Netuno, é incomum: não é um afresco, mas sim tinta a óleo sobre gesso, e representa o único mural de teto que Caravaggio pintou.

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