A desinclinação na curva de juros se acentuou no período da tarde. Os vértices longos renovaram mínimas intradia, tanto por ajustes após um comunicado do Copom mais duro - com a mensagem de Selic elevada por um período bastante prolongado, mas que traz confiança para cortes mais expressivos adiante -, quanto pela inversão de sinal nos rendimentos dos Treasuries, que cediam em bloco, apesar de o juro do T-Bond de 30 anos por fim ter fechado em alta. Já a ponta curta subiu, com a ampla maioria do mercado vendo a Selic parada em 15% até o fim de 2025, conforme mostra pesquisa Projeções Broadcast.
O Copom surpreendeu parte do mercado financeiro não só por ter elevado a taxa Selic em 25 pontos-base na reunião de quarta-feira, como por ter fornecido o forward guidance de que pretende interromper o ciclo de aperto monetário na próxima reunião. É o que diz o JPMorgan, em relatório enviado a clientes.
Neste sentido, a curva a termo mostra que operadores estão desarmando a posição de inclinação que havia sido montada antes da reunião do Copom desta semana, avalia o diretor de investimentos da Nomos, Beto Saadia.
"Acho que grande parte do mercado estava com posicionamento de estabilidade da Selic na reunião de junho, protegendo-se de um eventual cenário em que o BC não elevaria o juro e inclusive poderia ter uma perda de credibilidade. Como isso não aconteceu, o mercado estabelece a confiança de que o BC vai se concentrar no centro da meta de inflação, convicto no curto prazo e, assim, pode haver espaço para cortar juros mais para frente", comenta Saadia.
O BTG Pactual destaca que o Copom usou o termo "período bastante prolongado" - nunca antes usado na comunicação do Copom - duas vezes no comunicado desta semana para indicar que a política monetária seguirá firmemente contracionista. O banco, inclusive, faz parte da maioria do mercado que passa a projetar um corte na taxa Selic apenas em 2026, mais especificamente a partir do primeiro trimestre.
A curva de juros precifica cortes de 17 pontos-base na Selic na reunião de janeiro de 2026, de 24,12 pontos-base na reunião de março e de 27,83 pontos-base na reunião de abril, segundo o economista Carlos Lopes, do Banco BV.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 fechou em 14,960%, ante 14,868% no ajuste de quarta-feira. A do DI para janeiro de 2027 passou de 14,25% a 14,270%. Na ponta longa, o DI para janeiro de 2029 encerrou com taxa de 13,390%, de 13,55%; e o para janeiro 2031 fechou em 13,510%, ante 13,70% do ajuste anterior. Na semana, a curva também perdeu inclinação, com o vértice curto subindo 12 pontos-base e o longo em leve recuo de 2 pontos-base.