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Como Briatore retorna à F-1 e é agente em 'caos' entre Colapinto e Oakes na Alpine

Estadão Conteúdo
17/05/2025 às 18:45.
Atualizado em 17/05/2025 às 18:54

O italiano Flavio Briatore construiu na Fórmula 1 uma carreira sólida e influente desde os anos 1990 regada a polêmicas e impulsionamento de pilotos que fariam história na categoria, como Michael Schumacher e Fernando Alonso. No entanto, o que poderia ser uma carreira recordada pelas vitórias se tornou lembrança de uma das maiores manchas do automobilismo.

Em 2005 e 2006, comandando a Renault, Briatore levou seu pupilo Fernando Alonso e a escuderia ao bicampeonato mundial. O espanhol teve uma curta e belicosa passagem pela McLaren em 2007 e retornou ao time francês em 2008. Mas ali já não estava a mesma Renault capaz de brigar por vitórias e títulos. Enquanto McLaren e Ferrari brigavam pelo topo, o time de Briatore sucumbia.

Para o Grande Prêmio de Cingapura de 2008, o primeiro a ser disputado durante a noite na Fórmula 1, Briatore e o diretor de engenharia da Renault, o britânico Pat Symonds, elaboraram uma estratégia antiética e perigosa para fazer Alonso, que largaria em 15º, subir no lugar mais alto do pódio. Eles ordenaram que o brasileiro Nelsinho Piquet, companheiro do espanhol no time francês, batesse propositalmente durante a corrida em um ponto em que a entrada do safety car fosse obrigatória e em um momento em que Alonso já tivesse feito sua parada nos boxes.

O regulamento da época indicava o fechamento do pit lane até o alinhamento dos carros atrás do safety car. Dessa forma, Alonso pôde ficar bem posicionado e quando todos partiram para os boxes, o espanhol assumiu a ponta e lá permaneceu até a bandeirada final.

Este episódio é apontado por Felipe Massa como crucial para a perda do título mundial de 2008 para Lewis Hamilton. O brasileiro entende que a prova deveria ter sido anulada, o que o levaria a somar mais pontos do que o britânico ao fim do campeonato. Massa está processando a Fórmula 1, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e o antigo chefão da categoria, Bernie Ecclestone. A ação corre na Justiça britânica e as primeiras audiências devem acontecer em outubro.

Briatore foi banido da Fórmula 1 pelo ocorrido, mas teve a decisão derrubada em uma corte francesa em 2009. Symonds também foi beneficiado por decisão semelhante após pegar uma suspensão de cinco anos. Apesar das decisões judiciais, o italiano passou anos longe dos holofotes da F-1 e só voltou a circular às claras nas últimas três temporadas.

BRIATORE É CONHECIDO POR PRESSIONAR PILOTOS

Nelsinho Piquet conta que o caso foi exposto publicamente em 2009 após a Renault ter descumprido o contrato com ele e tê-lo retirado do cockpit para dar lugar ao francês Romain Grosjean. O filho do tricampeão mundial já revelou que eram contínuas as pressões feitas por Briatore, com ameaças sobre sua continuidade na Fórmula 1: "É sua última chance."

Briatore voltou de vez à Fórmula 1 no segundo semestre de 2024. Primeiro como consultor executivo da Alpine, a Renault rebatizada com o nome da marca esportiva do grupo francês.

Uma das primeiras medidas do italiano foi aconselhar a Alpine a deixar de usar motores Renault. A escuderia passará a ser cliente da Mercedes em 2026 para aumentar sua competitividade.

Também em 2024, emergiu o nome de Franco Colapinto como uma das promessas do automobilismo. O argentino conquistou rapidamente as redes sociais ao assumir o posto de piloto da Williams e conseguiu resultados satisfatórios. Mesmo assim, ele não conseguiu um lugar de titular no time inglês para 2025.

A Alpine já havia estabelecido sua dupla de pilotos para esta temporada, com o francês Pierre Gasly e o australiano Jack Doohan, filho do multicampeão da MotoGP Mick Doohan e promovido da Fórmula 2.

Porém, uma movimentação pouco comum chamou a atenção. A Alpine fez um acordo com a Williams para que Colapinto fosse cedido aos franceses para ser piloto reserva. Não é frequente a contratação de reservas que têm contrato em vigor com outras escuderias.

Essa decisão gerou burburinhos e não demorou muito para que a história que circulava no paddock se tornasse real. Após seis corridas em 2025, Doohan foi substituído por Colapinto, que estreia no GP de Ímola e terá cinco corridas para mostrar serviço.

Em paralelo, o chefão da Alpine, Oliver Oakes, anunciou sua saída do cargo, que passa a ser ocupado interinamente por... Flávio Briatore.

O abandono de Oakes do cargo não teria sido motivado pela mudança repentina na dupla de pilotos, mas pela prisão de seu irmão, William, na Inglaterra, por um crime financeiro. Não há detalhes sobre quais seriam essas contravenções.

Os irmãos Oakes assumiram o comando da equipe da F-2 e F-3 Hitech após a invasão da Rússia à Ucrânia. Antes o time era comandado pela família russa Mazepin, que já teve o piloto Nikita na F-1.

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