Política

Com baixa aprovação entre as mulheres, Lula confirma troca de ministra da pasta

Estadão Conteúdo
06/05/2025 às 07:45.
Atualizado em 06/05/2025 às 07:54

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu nesta segunda-feira, 5, a ministra Cida Gonçalves do comando do Ministério das Mulheres. A ex-ministra do Desenvolvimento Social Márcia Lopes assume o cargo. Com a substituição no Ministério das Mulheres, Lula pretende se aproximar do eleitorado feminino para a campanha eleitoral de 2026, quando quer concorrer a novo mandato. Pesquisas mostram que o presidente vem perdendo cada vez mais popularidade nesse público e também entre evangélicos e moradores do Nordeste.

Esta é a 12.ª troca na Esplanada no atual mandato do petista. A mudança no ministério ocorreu na seara do PT. Tanto a nova ministra Márcia Lopes como Cida Gonçalves, de saída do cargo, são filiadas ao partido.

Ex-titular do Desenvolvimento Social no segundo mandato de Lula, Márcia Lopes tem o trabalho bem avaliado pelo presidente e terá a missão de dar mais visibilidade à pasta. "O presidente quer ver as mulheres mais contentes, mais protegidas. Quer que elas se sintam respeitadas, acolhidas, ouvidas", disse a nova titular das Mulheres. "Temos de mudar a cultura machista."

A nova ministra é irmã de um aliado histórico de Lula, Gilberto Carvalho, que foi chefe de gabinete da Presidência da República durante os oito primeiros anos dos governos do PT e ministro-chefe da Secretaria-Geral durante o primeiro governo de Dilma Rousseff.

Além de ministra do Desenvolvimento Social em 2010, secretária executiva da pasta e secretária nacional de Assistência Social, Márcia Lopes também tem experiência em cargos eletivos. Foi vereadora em Londrina - entre 2001 e 2004 - e ocupou o posto de secretária de Assistência Social da cidade. Filiada ao PT desde 1982, Márcia Lopes tem 67 anos.

Assédio

A saída de Cida Gonçalves era dada como certa desde o ano passado. A situação dela se agravou após denúncias de assédio moral que sofreu de integrantes da equipe, como mostrou o Estadão. A Comissão de Ética Pública da Presidência, porém, arquivou as acusações.

Cida Gonçalves se reuniu com Lula na última sexta-feira, 2. Na oportunidade, não houve anúncio de saída da ministra do cargo. Anteontem, Márcia Lopes deu declarações à imprensa antecipando o convite de Lula para assumir a pasta.

Com a demissão de Cida, a gestão Lula tem a segunda troca em uma semana. Na sexta-feira, o titular da Previdência Social, Carlos Lupi, pediu demissão do cargo após reunião com o presidente. A saída foi consequência do escândalo dos descontos indevidos de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

A conta-gotas

A reforma ministerial aguardada no início do ano, até aqui, tem sido realizada a conta-gotas. Esta é a terceira mudança no governo Lula promovida por questões de "desempenho" - ou seja, sem uma acusação que motive o afastamento do ministro.

A primeira foi a troca na Secretaria de Comunicação Social. Paulo Pimenta foi demitido e substituído por Sidônio Palmeira. Em março deste ano, Lula demitiu Nísia Trindade do Ministério da Saúde. Em seu lugar, assumiu Alexandre Padilha, que comandava a Secretaria de Relações Institucionais. A deputada Gleisi Hoffmann, por sua vez, foi indicada para o ministério responsável pela articulação política.

Outras duas mudanças realizadas neste ano foram as demissões de Lupi e de Juscelino Filho, das Comunicações. Os dois casos, no entanto, não estão relacionados a uma avaliação negativa do governo do desempenho dos ministros, mas por acusações e escândalos nos quais seus nomes foram envolvidos.

Lupi pediu demissão por causa da investigação de fraudes no pagamento de benefícios do INSS. Mesmo sem ter seu nome citado nas apurações, conduzidas pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União, o agora ex-ministro sofreu um grande desgaste, principalmente após a revelação de que ele fora informado das denúncias de fraude em 2023 e que as providências só surgiram após quase um ano.

Juscelino Filho, por sua vez, foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva. A defesa do ex-ministro alega que ele é inocente. A acusação é de que Juscelino desviou emendas parlamentares destinadas por ele durante seu mandato de deputado federal. O ex-ministro destinou emendas à prefeitura de Vitorino Freire (MA), cidade que era administrada por sua irmã Luanna Rezende. O caso foi revelado pelo Estadão.

Até o momento, porém, Lula não fez mudanças que afetam a participação dos partidos do Centrão no governo. Essa era uma das principais expectativas em torno da reforma ministerial, já que um dos objetivos era reestruturar a Esplanada e garantir uma governabilidade maior ao presidente na reta final de seu mandato.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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