O coordenador-geral da Comissão de Arbitragem da CBF, Rodrigo Cintra, apontou uma data para o início da profissionalização dos árbitros do futebol brasileiro. Ele afirmou que os treinamentos em vigor fazem parte de um plano que culminará em novo perfil para juízes e assistentes a partir de 2027.
Cintra divulgou a informação ao comentar sobre os treinos que iniciaram na segunda-feira, no Rio de Janeiro. "É um evento inédito para a arbitragem brasileira, para o futebol brasileiro. É o primeiro de um ciclo de eventos que vai culminar em 31 de dezembro de 2026 com a profissionalização da arbitragem", revelou, em declarações publicadas no site da CBF.
A profissionalização é uma demanda antiga da arbitragem brasileira e de comentaristas e especialistas. Pelas regras atuais, juízes e assistentes precisam ter uma fonte de renda independente do que ganham por apitar as partidas no futebol brasileiro. Na prática, são amadores, acostumados a atuar num meio cercado de profissionais, seja em campo ou no banco de reservas.
Esta busca por tornar os árbitros profissionais cresceu nos últimos meses devido aos erros cruciais cometidos em diversas partidas do Brasileirão e da Copa do Brasil. A atual edição do primeiro começou no fim de março cercado de críticas aos árbitros por falhas flagrantes.
As críticas aumentaram nos últimos dias após reportagem publicada pela revista Piauí, que denunciou gastos milionários da CBF com parlamentares, figuras da classe artística e membros do Poder Judiciário, além de aumento nos salários de presidentes das federações estaduais.
Apesar dos altos valores gastos pela CBF, a Piauí revelou a suspensão de todas as viagens aéreas e hospedagens pagas pela CBF a árbitros da Série A do Campeonato Brasileiro, que deveriam realizar quinzenalmente um treinamento e avaliação física em um clube privado do Rio. A entidade alegou restrições orçamentárias e a avaliação passou a ocorrer apenas por videoconferência.
Poucos dias após a publicação da revista, a CBF anunciou o período de treinamentos aos árbitros no Rio. No dia do anúncio, duas equipes de arbitragens foram afastadas após erros no Brasileirão. No total, 72 árbitros de campo, assistentes e árbitros de vídeo da Série A do Campeonato Brasileiro deram início ao treino, na segunda-feira.
"A CBF hoje nos dá todas as condições. O presidente Ednaldo Rodrigues, quando chegamos e apresentamos para ele as ideias e os projetos, sempre foi muito empático com tudo isso. Ele é um grande entusiasta de que a gente tem condições de melhorar ainda mais", afirmou Rodrigo Cintra.
TREINOS
As atividades em campo são realizadas no Clube da Aeronáutica (CAER). Há também trabalho teórico, totalizando atividades realizadas em três turnos. "No evento desta semana, estamos quebrando alguns paradigmas e entrando em campo fazendo a especificidade do treinamento, como se fosse uma reprodução exata do que é uma partida oficial. Os árbitros estão atuando com os árbitros assistentes de campo e os de vídeo", explicou o coordenador-geral da Comissão de Arbitragem da CBF.
Cintra também prometeu foco no VAR, alvo de muitas críticas neste início do Brasileirão. "Estamos trabalhando a nova cultura do VAR, fazendo com que o árbitro entenda que o assistente de vídeo é um assistente como o de linha, que é chamado de bandeirinha. O assistente de vídeo está ali para assistir o árbitro e ajudá-lo a tomar a melhor decisão em campo. Quando temos essa simplicidade, inclusive na instrução, passamos a ter uma arbitragem muito mais efetiva", afirmou.
Para tanto, o treinamento conta com oito câmeras ao redor do campo e cabines do VAR para simular as partidas. "Este evento é fundamental para mitigar erros e aumentar o índice de acerto. Aqui o árbitro repete, tem um instrutor do lado de fora, uma cabine de instrução imediata e uma devolutiva. Com o passar dos dias, os árbitros deste grupo sairão num outro nível."