Política

Lula é o 20º chefe de Estado homenageado pela Academia Francesa

Agência Brasil
05/06/2025 às 17:06.
Atualizado em 05/06/2025 às 17:45

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi homenageado, nesta quinta-feira (5), pela Academia Francesa, em Paris. 

“Considero essa deferência um reconhecimento ao Brasil e ao povo brasileiro, que recebemos com muita gratidão e orgulho”, escreveu Lula em publicação nas redes sociais.

Notícias relacionadas:Lula pede que Macron “abra seu coração” para acordo com Mercosul.Lula sanciona lei que estrutura carreira e reajusta salários .Lula sanciona lei que amplia para 30% cotas para negros em concursos.A academia foi criada em 1635 e, em seus quase 400 anos de história, apenas outros 19 chefes de Estado foram homenageados em sessão oficial. Antes de Lula, o único brasileiro reconhecido pela honraria havia sido Dom Pedro II, em 1872. A instituição tem uma influência significativa na cultura francesa e, além de regulamentar a língua francesa, concede prêmios em diversas áreas.

Os membros da Academia Francesa examinaram a palavra "multilateralismo" - que pressupõe igualdade soberana entre as nações - em homenagem ao presidente brasileiro. O termo ainda não figura no dicionário da instituição.

“A grande inovação introduzida após 1945 está sintetizada no sufixo ‘ismo’, acrescentado à palavra multilateral. Essa terminação traduz a intenção não apenas de descrever uma realidade, mas de incidir sobre ela”, disse Lula em discurso na academia. 

O presidente brasileiro é insistente na defesa do multilateralismo, ou seja, a interação na qual os países se reúnem para encontrar soluções coletivas para problemas comuns, em diversas áreas, como a urgência climática, o comércio global ou as guerras.

“O multilateralismo foi decisivo no processo de descolonização, na proibição de armas químicas e biológicas, na afirmação de direitos humanos, na promoção do livre comércio, na proteção do meio ambiente e na solução de diversos conflitos mundo afora. Infelizmente, estamos nos esquecendo dessas lições”, afirmou o presidente. 

“É insustentável manter ilhas de paz e prosperidade cercadas de violência e miséria”, destacou Lula, ao citar os conflitos do mundo atual.

Para o presidente, é preciso aperfeiçoar as democracias no âmbito interno dos países e o multilateralismo no plano externo. 

“São as duas faces de uma mesma visão de mundo, baseada no diálogo e no respeito à pluralidade”, disse. Comunidade brasileira

Após a cerimônia, Lula se encontrou com membros da comunidade brasileira na França, na Prefeitura de Paris, a convite da prefeita Anne Hidalgo. Lá, ele também comentou sobre a homenagem na Academia Francesa.

“Eu fiquei orgulhoso porque eu sou um cidadão que não sou acadêmico, não tenho diploma universitário, eu tenho um curso primário e um curso técnico feito no Senai, no Brasil. Sou torneiro mecânico de profissão e fico orgulhoso de ter trazido uma palavra para enriquecer o dicionário francês, que é a palavra multilateralismo. Multilateral todo mundo sabia o que era, mas multilateralismo não, o ‘ismo’ foi nós que colocamos nessa palavra”, disse Lula em discurso no encontro.

O presidente destacou as realizações de seus governos, como ampliar o acesso ao ensino superior e tirar o Brasil do Mapa da Fome, e defendeu a democracia brasileira. 

“Tem muita gente que fala que o parlamentarismo é melhor no Brasil, mas eu jamais seria escolhido primeiro-ministro dentro do Congresso Nacional. Então, a única chance que eu tenho é exatamente o povo votar”, disse.

“Por isso, eu sou o único brasileiro que tenho três mandatos na Presidência da República eleito diretamente pelo povo. Isso me traz muito orgulho para andar o mundo brigando contra a desigualdade”.

Para o presidente Lula, é preciso “dotar o mundo de políticos responsáveis”, pois apenas o Estado pode garantir oportunidades a todos.

A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, ressaltou que Lula é uma “lenda viva de um país lendário”, que encontrou sua “força excepcional” na indignação perante a miséria. 

“Neste sentimento, ainda intacto, sempre vivo, sempre animado de recusa da injustiça, aquela que flagela os anônimos, os mais humildes, aqueles que mais merecem, os sem-terra, os explorados de uma sociedade de desigualdades”, afirmou.

“A eles, o senhor dedicou a sua vida, a sua vida de combate, de luta, de compaixão, de lutas políticas e sindicais e de escuta atenta. Eles não tinham voz e o senhor decidiu falar em nome deles para que finalmente eles fossem ouvidos”, completou.

Entre os presentes no encontro estavam as brasileiras Lélia Salgado, viúva do fotógrafo Sebastião Salgado, e Ana Lúcia Paiva, filha de Eunice Paiva e do ex-deputado Rubens Paiva, morto pela ditadura militar no Brasil. As duas vivem na França.

Lula está em visita de Estado ao país europeu e até a próxima terça-feira (10) tem diversas atividades agendadas. 

Nesta quinta-feira, pela manhã, o presidente foi recebido pelo presidente francês, Emmanuel Macron, quando assinaram 20 acordos bilaterais nas áreas de saúde, segurança pública, educação e ciência e tecnologia.

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