CABUL

Afeganistão ameaça boicotar as negociações de paz em Doha

Ameaça do governo afegão ocorre depois que os EUA anunciaram que enviarão emissários a cidade

France Press
19/06/2013 às 09:46.
Atualizado em 25/04/2022 às 19:17

O governo afegão ameaçou nesta quarta-feira (19) boicotar as negociações de paz com os rebeldes talibãs em Doha caso não sejam dirigidas pelos afegãos, um dia depois que os Estados Unidos anunciaram que enviarão emissários a esta cidade.

O Alto Conselho para a Paz (HCP), criado pelo presidente afegão Hamid Karzai para tentar negociar com os insurgentes, "não participará nas conversações de paz no Qatar a menos que sejam dirigidas pelos afegãos", afirmou a presidência afegão em um comunicado.

Os talibãs abriram nesta terça-feira um escritório político em Doha e Washington anunciou o envio emissários ao lugar.

O governo afegão também suspendeu nesta quarta-feira as conversações com Washington sobre um acordo bilateral de segurança, em resposta ao anúncio de negociações diretas entre os americanos e os rebeldes talibãs.

"Há uma contradição entre o que o governo americano diz e o que faz a respeito das negociações de paz", declarou à AFP Aimal Faizi, porta-voz do presidente Hamid Karzai.

"O presidente está descontente com o nome utilizado para designar o escritório político afegão, chamado de escritório político do Emirado Islâmico do Afeganistão", disse o porta-voz.

"Somos contrários a esta denominação de 'emirado islâmico do Afeganistão' pela simples razão de que esta entidade não existe. Os americanos estão a par da posição do presidente Karzai", afirmo Aimal Faizi.

"O emirado islâmico do Afeganistão" é o nome que os talibãs davam a seu regime quando estavam no poder em Cabul, entre 1996 e 2001, e desde então chamam assim o movimento.

A suspensão do acordo, que deve definir as modalidades da presença americana no Afeganistão ao fim da missão de combate da Otan, em 2014, foi decidida após uma "reunião excepcional" entre o presidente afegão, seus assessores e a equipe responsável pela segurança nacional.

Nesta quarta-feira, os talibãs afegãos reivindicaram o ataque de terça-feira contra a base de Bagram (norte de Cabul) que matou quatro soldados americanos, apenas uma hora depois do anúncio da retomada do diálogo entre os insurgentes e Washington.

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