CAMPINAS

'Aedes do Bem' é apresentado para técnicos

Mosquito transgênico começará a ser usado em Piracicaba; Campinas acompanhará os resultados

Bruno Bacchetti
30/04/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 15:02
O engenheiro Guilherme Trivelatto, da empresa Oxitec,  fala sobre or
projeto do mosquito trânsgênico (Bruno Bacchetti/ AAN)

O engenheiro Guilherme Trivelatto, da empresa Oxitec, fala sobre or projeto do mosquito trânsgênico (Bruno Bacchetti/ AAN)

A Oxitec, empresa que produz mosquitos transgênicos para combater a dengue, apresentou nesta quarta-feira (29) para membros do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comdema) e do Conselho Municipal de Saúde a técnica utilizada, que será implantada nesta quinta (30), em Piracicaba, depois de uma briga judicial. O sistema consiste em soltar machos transgênicos (o gênero não pica as pessoas) do Aedes aegypti, que ao cruzar com as fêmeas gera uma prole que morre antes de atingir a idade reprodutiva, reduzindo a população do inseto. A Prefeitura de Campinas, no entanto, já adiantou que não pretende utilizar o método no combate ao mosquito da dengue. "Convocamos a empresa para conhecer a metodologia científica do processo. Vamos acompanhar o trabalho que será feito em Piracicaba e se for eficiente e viável de repente, é uma opção para Campinas. Se for interessante, talvez pudéssemos aplicar ainda este ano, mas ai é uma decisão que depende da Prefeitura", explicou o presidente do Comdema, Carlos Alexandre Silva. Pesquisa desde 2002 O engenheiro agrônomo da Oxitec, Guilherme Trivellato, especialista na área de controle biológico, explicou que o método começou a ser desenvolvido em 2002, na Universidade de Oxford, na Inglaterra, e no Brasil foi utilizado pela primeira vez em 2011, na cidade baiana de Juazeiro. Segundo ele, o sistema é seguro e reduz em até 90% a população total do Aedes aegypti. "O 'Aedes do Bem' foi desenvolvido em 2002 e vem sendo desenvolvido arduamente. O macho não é transmissor da dengue e é esse artifício que usamos a nosso favor. A única função do macho é buscar a fêmea. Não é nenhuma solução mágica, é uma ação conjunta. A eliminação dos criadouros deve continuar sendo feitas", afirmou Trivellato.   Resultados O método, garante Trivellato, é mais eficaz que a aplicação de inseticida - que não atinge todos os locais onde o mosquito se desenvolve - e a eliminação de todos os criadouros é difícil de conseguir. De acordo com o engenheiro agrônomo, o método já teve parecer positivo da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e está sendo avaliado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). "A CNTBio já aprovou em 2013 e a Anvisa está avaliando, porque não sabe no que nos enquadramos, porque não somos remédio e nem inseticida", disse. Apesar da Oxitec garantir a eficácia e a segurança do método, a Secretaria de Saúde informou, por meio da assessoria de imprensa, que o sistema não faz parte do rol de ações do programa de enfrentamento à dengue. "A Secretaria de Saúde ainda não tem parecer técnico que aponte a eficácia do método e os efeitos ao meio ambiente", disse. Piracicaba recebe mosquitos Após batalha judicial, a Oxitec começa nesta quinta-feira a soltar, em Piracicaba, os mosquitos do Aedes aegypti modificados geneticamente. O uso do "Aedes do Bem" foi possível após assinatura de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) entre a Prefeitura, empresa e o Ministério Público (MP). O acordo determina que a Prefeitura não abandone os outros métodos de combate à dengue enquanto não houver a comprovação do sistema. O investimento da Prefeitura será de R$ 150 mil e serão soltos cerca de 800 mil mosquitos por semana durante o primeiro mês. 

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por