Homem faz fisioterapia após sofrer acidente de moto (Lucas Mamede/AAN)
Ribeirão Preto está em segundo lugar na relação entre internações por acidentes de moto em 2011, segundo um levantamento inédito divulgado este mês pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
O estudo revela que foram internados no ano retrasado uma média de quatro motociclistas por dia em Ribeirão. Naquele ano, foram 1.472 internações —78,8% a mais que as 823 registradas em 2008.
A cidade perde apenas para a capital em quantidade de atendimento, que fechou o ano retrasado com 30 internações diárias. “Só de estarmos atrás de São Paulo em número de internações já revela quanto o trânsito de Ribeirão é violento. Ele muitas vezes deixa sequelas gravíssimas ou chega a matar”, afirmou o médico ortopedista João Carlos Fragrão Filho.
No comparativo regional, quem lidera o crescimento de internações é a região de Araçatuba, onde a taxa foi cinco vezes maior em dois anos. Em 2008, a relação era de 1,13 internação por 10 mil habitantes e em 2011, esse índice subiu para 6,06/10 mil.
A pesquisa não revela o número de óbitos causados por acidentes de moto em Ribeirão, mas aponta que em 2009 morreram 1.479 motociclistas vítimas traumas causados em colisões com motos em todo Estado de São Paulo, enquanto em 2011 este número subiu para 1.721.
O principal fator apontado por especialista para justificar o crescimento de internações causados por acidentes de motocicleta está no crescimento da frota e a popularização deste tipo de veículo, que fechou 2012 com 94,1 mil unidades em Ribeirão Preto.
Para o especialista em trânsito Marcelo Ademar Peixoto, a imprudência e a falta de fiscalização contribuem diretamente para engrossar as estatísticas de internação na cidade. “Faltam penas mais duras para quem desrespeita a lei e mais educação para aqueles que começam a dirigir agora. As motos se tornaram populares em Ribeirão, mas as regras necessárias para dirigir de forma segura são impopulares e estão guardadas nas gavetas do governo”, disse.
Tratamento
O estudo aponta ainda que em 2011 foram gastos no Estado cerca de R$ 27,2 milhões com internações de motociclistas, valor 76% superior aos R$ 15,4 milhões gastos em 2008. “Esse aumento nos gastos se deve à maior complexidade dos casos ao longo dos anos. Os acidentes estão cada vez mais violentos, provavelmente por causa da imprudência e excesso de velocidade”, disse Julia Greve, médica do Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
O HC-UE é referência para o atendimento de casos de traumatismos graves. Os acidentes causados por motocicleta estão entre os mais frequentes no hospital.
Dos 1.145 pacientes atendidos pela Ortopedia do HC-UE em 2011, 302 foram vitimas de acidentes de moto.