VIRACOPOS

Acidente em obra deixa 14 operários feridos

Andaime caiu sobre laje, que não resistiu e também cedeu; aeroporto de Campinas apura causas

Felipe Tonon
30/04/2013 às 23:31.
Atualizado em 25/04/2022 às 18:06
Desabamento de laje após queda de andaime deixou muitos escombros (Elcio Alves/AAN)

Desabamento de laje após queda de andaime deixou muitos escombros (Elcio Alves/AAN)

Um acidente no canteiro de obras da ampliação do Aeroporto Internacional de Viracopos deixou 14 operários feridos na noite desta terça-feira (30). Um deles está em estado grave. O acidente aconteceu depois de um andaime — onde estavam os trabalhadores — ceder e cair sobre uma laje que não suportou o peso e também desabou. A altura da queda, segundo a concessionária que administra o aeroporto, foi de aproximadamente dez metros. Um dos operários, segundo relatos, chegou a ficar cerca de 40 minutos pendurado por um cinto de segurança à espera de socorro.

Ele está em estado grave com fratura no tórax, traumatismo e fratura nos braços. Quatro estão em estado moderado e foram atendidos em três prontos-socorros de Campinas. O restante teve ferimentos leves, como escoriações pelo corpo. Esse é o segundo acidente nas obras de ampliação do aeroporto. Em março, um trabalhador morreu soterrado e um ficou ferido em outra parte do canteiro, que continua embargada.

Fiscais do Ministério Público do Trabalho (MPT) estiveram no local na noite desta terça. Hoje está programada uma inspeção. A perícia criminal da Polícia Civil também compareceu no local no final da noite.

O acidente mobilizou ambulâncias de Campinas e Indaiatuba. Ao menos 15 veículos de resgate foram enviados ao local, além da equipe de socorro do aeroporto que foi acionada.

Após o atendimento das vítimas, por volta das 21h, o Corpo de Bombeiros começou uma operação para vistoriar os escombros e confirmar se algum operário estaria soterrado. Uma retroescavadeira foi usada para remover madeiras, cimento e ferros. A concessionária responsável pela obra no local, Jauru, afirmou ter feito a contagem dos funcionários e constatado que todos tinham sido socorridos.

Cerca de 20 trabalhadores estavam sobre o andaime, onde preenchiam uma viga de concreto para a construção de uma nova laje no segundo andar do prédio onde funcionará o futuro terminal do aeroporto. Segundo informações do Corpo de Bombeiros, eles usavam equipamentos de segurança, o que permitiu que se salvassem na queda. Quatro homens, por desespero, pularam de uma altura de cinco metros com medo de que a outra parte de estrutura também desabasse.

Outro trabalhador, Erivelto Pedroso, de 21 anos, disse que ouviu o barulho e correu para tentar ajudar as vítimas. O cenário, segundo ele, era assustador e muitos trabalhadores estavam desorientados. "Só tinha gente gritando, muita gente com perna quebrada, braço quebrado. Queria resgatar e não tinha como."

O ajudante Juscelino de Sousa Granja, de 30 anos, disse que foi o primeiro a chegar e quando viu todo mundo no chão pediu socorro. "Foi muito desesperador" , disse.

Os operários reclamaram da demora pelo socorro que, segundo eles, chegou em 40 minutos. "Eu ouvi um barulho e vi muita gente no chão, agonizando e pedindo socorro. O cara ficou pendurado durante 40 minutos" , disse o um operário que pediu para não ser identificado.

O Corpo de Bombeiros afirmou que houve certa dificuldade para chegar ao local. A informação foi que o socorro demorou 20 minutos.

Além da vítima grave internada no HC, os hospitais Mário Gatti, Celso Pierro e Ouro Verde também receberam feridos.

A Concessionária Aeroportos Brasil Viracopos informou, por meio da assessoria de imprensa, que o Consórcio Construtor Viracopos irá apurar as razões do acidente e irá prestar todo o apoio às vítimas e suas famílias. 

Investigação

A perícia da Polícia Civil esteve no final da noite desta terça no local do acidente para iniciar os trabalhos. Equipamentos de proteção que eram utilizados pelos operários no momento da queda foram apreendidos e serão periciados. A investigação será conduzida pela delegado Gilberto Salles Souza Junior, titular da delegacia de Viracopos.

O procurador do Ministério do Trabalho (MPT), Mário Antonio Gomes, compareceu na obra e informou que ainda era cedo para falar sobre causas ou culpados. Ele confirmou que o acidente só não foi pior porque todos os operários usavam equipamentos de segurança. Gomes lembrou que as escavações na obra de ampliação de Viracopos tinham sido liberadas nesta terça.

O secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e Mobiliária de Campinas e Região, Francisco Aparecido da Silva, criticou as condições de trabalho no canteiro de obras e afirmou que tem recebido diversas denúncias de operários.

"O MPT é que precisa falar. O que a gente tem é reclamação direto. Correria, pressão para entregar no prazo. Isso tem contribuído para os acidentes" , afirmou. Segundo Silva, a estrutura que cedeu não estava bem escorada. "Isso, para poder ceder, foi falta de escoras", opinou.

(Colaboraram Bruna Mozer, Luciana Félix e Fabiana Marchezi/AAN) 

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