JULIANNE CERASOLI

Acabou a brincadeira

Julianne Cerasoli
05/07/2013 às 22:17.
Atualizado em 25/04/2022 às 09:40

Cinquenta dias. É o tempo que a Fórmula 1 tem para organizar a bagunça provocada pelos pneus. O prazo limite é o GP da Bélgica, dia 25 de agosto, disputado em uma pista que será uma verdadeira prova de fogo para a segurança dos compostos que começam a ser testados em uma sessão que será realizada em Silverstone, no próximo dia 15.

Mesmo sem o novo pneu em ação, neste final de semana, na Alemanha, a situação, que atingiu seu limite com os quatro estouros no GP da Grã-Bretanha, começa a ser contornada. Em Nurburgring, a FIA determinou regras para a a regulagem dos pneus e, mais importante, proibiu que as equipes usassem o pneu de maneira invertida. Trocar o pneu da esquerda pelo da direita, como vinha sendo feito para melhorar a performance, é apontado como um dos grandes fatores para as falhas, que têm sido vistas desde a quarta etapa.

Essa é uma das medidas que estavam fazendo falta. A FIA demorou tempo demais para intervir na situação, adotando uma postura omissa que vem marcando a gestão de Jean Todt na presidência. O regulamento permitia que os pneus fossem mudados sem o acordo unânime das equipes caso fosse levantada uma questão de segurança. E a entidade esperou a situação chegar ao limite e a categoria viver um enorme desgaste na Grã-Bretanha para exercer esse poder.

O problema dos pneus explodirem não é tanto para o piloto que sofre a falha, mas para quem vem atrás. Com a borracha se soltando de uma vez, como vimos em Silverstone, a massa é de aproximadamente 3kg. Lembremos que a mola que atingiu a cabeça de Massa na Hungria em 2009 e deixou o brasileiro de molho por cerca de seis meses tinha 1kg, ainda que com densidade muito maior. E a cabeça do piloto é praticamente o único ponto falho do Fórmula 1 hoje em dia.

Tanto, que os pilotos divulgaram que vão se retirar da corrida caso as cenas de Silverstone voltem a acontecer. Em teoria, as chances disso acontecer são bem menores em Nurburgring por uma série de fatores: a Pirelli fez uma primeira alteração na construção, usando o mais resistente Kevlar ao invés de aço; a FIA está controlando mais de perto a maneira como as equipes usam os pneus e o circuito alemão tem menos trocas de direção rápidas do que o inglês. Por outro lado, ninguém esperava cenas como as da semana passada quando foi dada a largada.

Quando essa questão da segurança for superada, será a vez de ver quem saiu ganhando com todas essas mudanças, que podem mudar a cara do campeonato. Até agora, contudo, todos estão perdendo com um desgaste evitável.

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