Protesto começou quando policiais entraram em dois carros em favela para prender dois supostos traficantes
Cerca de 400 moradores da Favela do Moinho, no centro de São Paulo, fizeram uma manifestação na noite desta terça-feira (25) e fecharam o Viaduto Rudge, às 19h. O bloqueio, com barricadas, durou 40 minutos. Para liberar o trânsito, a Polícia Militar foi chamada e usou bombas de gás lacrimogêneo. Os bombeiros também foram acionados. O protesto começou por volta das 18h, quando oito policiais civis entraram em dois carros - um cinza e outro preto - na favela para prender dois supostos traficantes. Um deles, menor de idade, fugiu para a comunidade e a polícia entrou à procura do suspeito. Na saída, com os jovens detidos, os moradores começaram a impedir a passagem, atirando pedras, contaram policiais civis. De acordo com representante da ONG Moinho Vivo, os policiais atiraram para o alto. A polícia teria revistado barracos, o que causou revolta. Segundo a jovem Tatiane Cavalcante, de 28 anos, eles chegaram a abrir sua casa, dizendo que ela colaborava com o tráfico. “Foi uma humilhação. Já não chega tudo o que nós passamos aqui. Eles chegam chutando a porta.” Houve tiroteio e tumulto, e os moradores ficaram assustados. A líder comunitária Alessandra Moga mostrou cápsulas de revólveres que teriam sido deflagradas por policiais. “Eles saíram do carro à paisana, começaram a atirar e revistar barracos. Chamaram as mulheres de vagabundas e os meninos de traficantes. Aqui tem gente trabalhadora”, disse. Segundo ela, havia crianças nas ruas durante o confronto. A polícia informou, em nota, que não houve uso de bala de borracha nem foi verificada truculência dos policiais. “O Departamento Estadual de Repressão e Prevenção ao Narcotráfico compareceu ao local para investigar denúncia de que os traficantes haviam recebido carregamento de drogas para o carnaval.” Foram apreendidas 250 porções de cocaína e 150 pedras de crack.C