A zebra que só ganha

Os corintianos até agora estão tossindo por conta da poeira levantada pelo Ituano. O São Paulo, de Paulo Henrique Ganso, também não resistiu ao toque de bola do timão de Itu (lá tudo é grande, superlativo) e tampouco o Palmeiras de Valdivia. Ou seja, dos times paulistanos, apenas a carismática Portuguesa saiu de campo feliz com um empate.Quanto vale o elenco das grandes equipes paulistanas que o Ituano eliminou para disputar a final paulista com uma equipe do litoral, o Santos Futebol Clube? Provavelmente quase uma centena de milhões de reais. O que significa uma pequena fortuna que sequer sonham os moradores ituanos.Futebol não se mede pelo salário-mínimo ou milionário desse ou daquele time. Onze contra onze é a razão do futebol, dessa fantástica brincadeira que só os torcedores levam a sério. A cartolagem gosta é mesmo de se envolver em altas somas para dar uma certa dignidade ao ofício de ganhar muito dinheiro fácil, pagar dezenas de milhões para um Damião que, pelo visto, precisa de um Cosme para mostrar a que veio.O Santos tem o melhor ataque do campeonato e jogou contra a melhor defesa. É a primeira partida que o Santos joga e não faz um gol. E o Ituano está sem tomar gols nos últimos cinco jogos. Doriva é um treinador e Oswaldo de Oliveira é mais um desses técnicos badalados que ganham salários milionários. Doriva já deu nó estratégico no Muricy Ramalho, no Gilson Kleina (o que não é pouca coisa) e agora no técnico santista. É um artesão: a defesa joga fazendo renda; o meio de campo faz crochê; e o ataque entra tricotando na defesa adversária.Se o Penapolense tivesse um mínimo de preparo físico contra o Santos e a final paulista seria tipicamente caipira. E Oswaldo de Oliveira achou que o Ituano não teria fôlego para aguentar noventa minutos e, na coletiva, distribuiu a culpa da derrota para os “Meninos da Vila” que não souberam aguentar a pressão, como se Arouca, Aranha, Cícero, Neto e Damião fossem garotos de colégio.O Ituano provou mais uma vez que futebol não se ganha com salário milionário, patrocinador e assessoria de imprensa e marketing. Pode até perder a final contra o Santos, mas, sem dúvida, já sinalizou que o futebol brasileiro ainda tem boleiros que, além de honrar o clube que lhes paga o salário possível, ainda gostam de jogar futebol. E isso não tem preço.